segunda-feira, julho 26, 2010

Soul Worg - Capitulo V

Assim os meses iam passando, entre os extenuantes treinos com Anthony, os intermináveis castigos junto com a indiferença de Louren, Celline só se divertia nas longas horas que passava fugida de todos.

Enquanto o pai e a mãe dormiam Celline se arrumava para mais uma hora de lazer. Colocou as botas uma calça preta, uma blusa verde e um casacão para impedir de sentir frio.

Tinha aprendido que quando menos dormia menos medo sentia, assim evitava rever Elai e Brint. Tentou de tudo, fazer a irmã entender que não tinha culpa, mas nunca conseguiu.

Celline olhou para a janela e sorriu viu a grande lua cheia no céu iluminando os caminhos da floresta. Abriu a janela e sentiu o vento gelado bater em seu corpo. Arrepiou-se e abriu um belo sorriso, era isso que queria.

Com cuidado pulou a janela sobre o galho perto de seu quarto.

Em um salto agarrou-se e começou a descer, já estava acostumada a isso. Quando chegou ao chão sorriu soltando os cabelos deixando os fios ruivos livres para brincar ao vento.

Respirou profundamente o ar gelado da noite e começou a sair de perto de casa. Seguia para os fundos da casa com cuidado, não sabia o que iria encontrar, sempre era uma surpresa... Tinha a impressão que as criaturas mágicas gostavam de lugares isolados.

Os passos eram calmos, mais rápidos quando viu que estava fora de perigo começou a ir mais devagar, sempre tinha cuidado, pois odiava os castigos do pai que falava que era simples. Se fizer o certo perfeito, se fizer errado a punição certamente dolorida. Celline até arrepiou-se lembrando do pai falando isso.

-Esquece isso ele está dormindo.

Sorriu e continuou a andar olhando as arvores, no intimo queria encontrar seus amigos worgs, mas sabia que era impossível, eles estavam bem longe como ela mesmo já tinha falado.

Seguiu feliz por estar uma noite enluarada, mesmo com as grandes arvores os raios de luz deixava o caminho bem visível.

Celline parou ao notar um barulho, eram pequenos estalos que logo identificou como fogo. Os olhos verdes procuraram de onde vinha o barulho, Logo achou a pequena iluminação que provinha do fogo, era estranho, pois a clareira estava vazia.

Foi para a fogueira e começou a juntar a areia para apagar. Quando foi jogar ouviu uma voz baixa, aguda e estridente.

- Não... Vai demorar ascender de novo.

Celline deixou cair a areia longe do fogo.

- Ah? Que? –Olhou para os lados procurando o dono da voz. – Quem falou?

-Eu horas, não esta me vendo? – A pequena criatura pulou balançando os braços. – Estou aqui... Agora me vê?

Celline virou o rosto e olhou mais abaixo vendo um ser humanóide, achou engraçado, pois tinha o tamanho de suas bonecas. O pequeno ser tinha uma barba longa e branca, era careca e usava uma toga de algodão e tinha um osso que usava como cajado. Ficou pensando o porquê do cajado se ele tinha asas.

- O que é você?

- Como assim o que eu sou... Sou uma fada! – Falou imponente. – Um druida, mais alguma duvida?

- Ah sim, o que é um druida?

O fada ficou olhando para a pequena ruiva quieto, mas logo se pos a caminhar para ficar mais perto.

- Um druida é uma pessoa ligada à natureza conhecedor de seus segredos e mistérios, entendeu?

- Sim. –Falou sentada ao lado da fogueira. – O que faz por aqui?

- Estou esperando outras druidas para começar uma festa. Quer participar?

- Eu poderia?

- Claro, só não beba nada a não ser água e se divirta, certo!

Celline ia responder quando ouviu um barulho e virou o rosto, Mais duas fadas vinham voando na direção da fogueira.

Elas sem ligar muito deixaram algumas coisas caírem na fogueira que explodiu e começou a brilhar azul e a soltar uma fumaça roxa.

Celline ficou olhando cheia de curiosidade. O fada de barba sorriu fez uma reverencia para a ruiva e foi para direção da fogueira, mexendo na toga e pegou algo que parecia uma raiz e jogou na fogueira.

A ruiva moveu o corpo esperando outra explosão que não chegou. Ela riu e se ajeitou perto do fogo esperando se aquecer.

Logo as três fadas estavam juntas no ar dançando em volta da fumaça roxa. Celline nem notou, mas quando piscou as três fadas tinham virado seis, forçou a visão para ver se não estava errando algo, mais tinha mais duas fadas de asas coloridas e outro fada agora só de calça bege.

A musica veio seguindo logo atrás com mais umas nove fadas, meninos e meninas. Celline ficou encantada com o som que elas faziam, a ruiva começou a relaxar.

Logo as fadas começaram a incrementar a fogueira jogando algumas ervas e raízes deixando a fumaça maior e mais grossa. Celline tinha a impressão que poderia pegar a fumaça nas mãos, também notou que ela tinha um cheiro gostoso e inebriante.

Sem perceber começou a respirar mais profundamente. As fadas riam cantavam enquanto a pequena se deixava envolver pela fumaça que agora estava rosa.

Celline fechou os olhos e quando abriu viu um par de olhos azuis bem a sua frente, assustou-se e foi para trás batendo as costas numa arvore. Seu coração batia cada vez mais rápido e o pânico pode ser visto no rosto da menina.

- O que foi?

A voz doce era diferente da de Elai, seu coração ainda batia forte, mas agora de uma forma diferente que não soube identificar.

- Não sei... Cadê os pequenos?

- Bem não sei podemos procurar! – Esticou a mão pra Celline e sorriu. – Vamos ver na praia?

A ruiva tocou mão e o corpo tremeu, olhou para o rapaz, mas só conseguia ver os belos olhos azuis e o sorriso encantador.

- Vamos sim. – Falou entrelaçando os dedos. – Para onde mesmo?

O rapaz riu e se aproximo, Celline sentiu a respiração e esperou o beijo se aproximar cada vez mais.

- Eu...

Não conseguiu falar quando sentiu os lábios se colarem. O corpo da ruiva queimou num segundo, suas pernas perderam a força e acabou caindo no chão.

Celline sentiu um liquido escorrer no seu rosto e abriu os olhos. Tinha duas fadas sobre o peito que olhavam para ela preocupadas.

- Você esta bem?

As duas falavam juntas com a voz estridente enquanto as outras estavam a sua volta. Celline passou a mão no rosto e olhou a sua volta procurando o fada ancião.

- Sim, estou obrigada.

O ancião sorria mais a frente meio oculto na fumaça. A menina foi para direção dela cheia de duvida.

- O que aconteceu?

- Não sei o que você viu?

- Olhos azuis.

- Então eles fazem parte do seu caminho, são lindos olhos azuis?

O ancião riu divertido olhando para a ruiva sentada e confusa. Ele deu uns passos para frente aproximando-se e esticando as mãos para ela.

- O que é isso?

- Shiu, coma isso.

Celline moveu a mão pegando que lhe foi ofertado, cheirou e por fim comeu quieta.

Tinha um gosto amargo, mas a pequena não reclamou. Engoliu tudo e ficou olhando para o fada. Bocejou longamente e fechou os olhos, mas logo abriu, não queria dormir então forçou a ficar de olhos abertos.

- Não posso dormir.

- Por quê? – Falou uma fada de cabelos e asas lilases. – Dormir é tão bom, e onde vivemos nossos sonhos..

- E pesadelos... Pessoas más me visitam quando durmo e eu não gosto disto.

A fada sorriu se aproximou subindo na perna de Celline e ficou olhando para ela. Com suas voz estridente falou rindo.

- Mais é lá que estão às coisas boas também... Eu vejo que olhos azuis estão a sua volta e eles vão trazer coisas boas e coisas ruins, basta saber qual o caminho você quer seguir.

- Como assim? – Olhando para a fada. – Seguir o caminho? Estamos falando de sonhos.

Dando um risinho à fada se pos a voar olhando para ela.

- Sempre temos caminhos a seguir pequena, até nos sonhos, pois são nossos desejos, medos e destino, não podemos fugir deles. – Rindo a fada jogou algo no rosto de Celline. – Boa noite!

Celline ficou olhando a fada achando ela estranha, mas os olhos começaram a arder e ficou pesado. Não asbia se era por causa do que começou ou pelo que a fada jogou em seu rosto.

Bocejou e fechou os olhos caindo para trás e adormecendo.

Acordou com um grito, a voz conhecida.

- Boa noite minha Celline, achou que ia conseguir fugir de mim?

Elai sorriu se aproximando da ruiva segurando-a pelo braço e olhando em seus olhos.

- Eu não gosto de você seu monstro.

O homem riu.

- Mas eu sou seu futuro, você é minha, todos sabem disto, venha, venha logo.

Falou puxando Celline pelo braço e colando os corpos.

-Nunca, nunca eu te odeio você é mal...

O homem riu abraçando e colando mais os corpos, mas quando os lábios estavam se tocando algo puxou Elai separando os dois, logo Celline pode ver os olhos azuis por quem seu coração batia, agora conseguiu ver os belos cabelos castanhos.

- Você esta bem?

Aquela voz acalmava a alma da ruiva, mas ainda estava com medo de Elai. Os olhos verdes conseguiram com dificuldade sair dos olhos azuis e foi na direção de Elai.

- Ele não vai conseguir nos separar pequena, você é minha somente minha!

Fechou os olhos e coçou eles abraçou o donos dos olhos azuis e falou chorosa.

- Eu não sou sua, nunca, some da minha vida!

O rapaz a soltou e foi para direção de Elai e esmurrou o homem que acabou fugindo com uma cara de atordoado.

Celline abraçou o rapaz e sorriu para ele, estava feliz.

A pequena ouviu bem de longe seu nome, virou o corpo buscando algo, suspirou quando não encontrou nada, o pânico tomou conta de seu ser, abriu os olhos e se virou no médio da clareira, não tinha nem vestígios da fogueira da noite anterior.

Anthony gritou mais uma vez e logo viu que a ruiva estava sentada. Por sua vez Celline ao ouvir a voz se encolheu com medo da reação do pai, pensou em sair correndo, mas sabia que era tarde de mais.

- Celline Aileen como você pode?

A ruiva tremeu olhando para o pai, fechou os olhos e escondeu o rosto com as mãos.

- Eu só queria...

- Celline como você teve coragem juro que você não vai sair de casa nunca mais.

A pequena se levantou com a cabeça baixa e respirou fundo, com presa levantou a cabeça e olhou a sua volta, esperava ver sua mãe como seu pai, mas foi em vão, pois Anthony estava bradando sozinho.

- Fique sabendo que esta de castigo, se nunca mais ver a luz do sol não me culpe. Agora vamos embora.

Anthony pegou-a pelo braço e foi puxando para direção da cabana, Celline chorou, mas não pela dor no braço ou pelo castigo, mas sim pelo descaso de sua mãe. Seus lábios até se abriram para perguntar, mas perdeu a coragem quando viu de longe Louren na varanda fazendo algo que depois identificou como uma blusa de tricô.

Louren levantou o rosto e sorriu com seu aspecto triste e falou apaticamente.

-- Que bom que chegaram, querem o café agora, vocês demoraram? Nem vi quando saíram.

Os olhos de Celline arderam e balançou a cabeça olhando para o pai.

- Po-posso ir para o quarto?

Anthony só riu.

- Pode ir para o castigo... Porão ele está lhe esperando.

Celline passou a mão no rosto e correu para o porão, Louren olhou para ela, mas não fez nem falou nada. Anthony foi atrás dela serio.

Abriu a porta do armário e sentou no chão quieta logo o pai apareceu com uma cinta na mão, os olhos dele severo foram para direção dela.

- P-pai...

- Vai aprender a nunca mais sair sem falar, pensei que tinham te pegado, quase fiz a maior estupidez pela sua estupidez.

Falou isso e começou a dar cintadas na menina que só protegeu o rosto com as mãos.

Celline chorou com cada cinta e implorou para que parasse, mas não foi atendida, também chamou a mãe que não apareceu. Assim que desistiu de chorar e gritar para o pai parar Anthony parou e fechou a porta, a ruiva pode o ouvir trancar, mas não tinha força física nem mental para se mover.

Passou um dia inteiro até que Anthony abrisse a porta. Celline sentia o gosto amargo do sangue na boca, lentamente abriu os olhos e pode ver seu pai com algo nas mãos. Ficou esperando ajuda, mas ele só despejou um liquido morno e algo que bateu em sua barriga.

- Isso faz parte do seu castigo, vai aprender a nunca mais desobedecer a mim.

A pequena forçou a vista e soltou um grito ao ver a cabeça do lobo ao seu lado. Anthony riu e fechou a porta, lentamente o cheiro de ferrugem foi tomando conta do lugar, Celline identificou o liquido que fora jogado nela, entrou em pânico, era sangue. Seus sentidos foram falhando ate que desmaiou.

Passou uma semana até que Celline acordou. Vitor acariciava seus cabelos e a olhava preocupado. Estava se sentindo ainda fraca, mas sorriu para o irmão.

- Ei maninha como você esta? – Podia notar o medo na voz dele. – Quer alguma coisa?

Por segundos queria pedir para ir embora, mas só falou com a voz baixa.

- água.

Vitor sorriu e deu água para Celline, logo ela virou o rosto e seu coração disparou. Parado ao lado da porta estava Elai com seu sorriso vitorioso.

- Porque não vai avisar seu pai Vitor, eu fico com ela!

Tudo parou por segundos esperando o não do irmão, mas tudo que ouviu foi o passo de Vitor indo para direção da porta. Tentou chamá-lo, mas não conseguiu.

Elai aproximou-se e inclinou o corpo sobre a pequena.

- Sabia que ia voltar para mim, nem seu pai na loucura dele me tirou você!

Ele ia se aproximando cada vez mais para um beijo e parou quando ouviu a porta abrir, Anthony abriu a porta entrando, olhou em volta e parou sobre Elai por alguns segundos e voltou-se para Celline, mas logo se voltou para Elai.

- Muito obrigado Elai, pode se retirar!

- Que isso Anthony, “amigos” são para isso. – Falou e se manteve ao lado da maca. – Sabe que me afeiçoei muito a sua família.

O corpo de Celline se arrepiou todo e olhou para o pai querendo esconder-se nos braços dele, esquecendo todo o castigo que tinha sofrido.

- Isso me agrada Elai, agora temos que ir.

- Ir? Para onde agora?

- Estamos viajando muito com Celline acho que ainda não temos uma parada. – Falou acariciando os cabelos de Celline tapando a boca dela gentilmente. – Creio que vamos para os Estados Unidos agora.

Celline olhou para o pai sem saber o que ele estava falando, logo voltou a olhar Elai arrepiou-se e escondeu sobre o lençol ficando quieta.

Elai ouviu atentamente o que Anthony falava e logo começaram a conversar, os dois se afastaram da maca onde a pequena estava. Mais mesmo distante a ruiva sentia os olhos de Elai cheio de malicia e maldade sobre ela.

Tentou ouvir sobre o que falavam, mas tinha medo de que fosse algo ruim para ela, então respirou fundo e fechou os olhos. Começou a lembrar do que tinha acontecido na clareira, riu baixinho revendo as fadas em sua mente, logo lembrou dos olhos azuis... Sentiu-se amada e protegida, mas logo viu um par de olhos frios.

Sem preceber soltou um grito que atraiu a atenção de todos. O primeiro a chegar foi Elai, seguido de Anthony.

- O que foi querida? – Falou Elai colocando as mãos no rosto e puxando para perto. – Diga-me o que foi.

Anthony parou atrás e tocou o ombro de Elai que estava falando com a pequena e logo a pegou no colo.

- Calma filha, papai esta aqui!

Pela primeira vez Anthony pode ver a real intenção nos olhos de Elai que assumiu um jeito possessivo sobre a pequena Celline.

- Deixe-me pega-la.

- Tudo bem Elai, ela já esta bem não é Celline.

A ruiva afirmou com a cabeça abraçando o pescoço do pai, Elai por sua vez desejou e quase a pegou a tomou dos braços de Anthony, mas se segurou.

- Tudo bem Anthony... Se desejar pode ir ver com o médio sobre a alta dela, afinal sei que esta aqui sozinho, alias com o Vitor, mas um medico não ira dar alta para um menino.

- Mamãe não esta aqui?

Anthony olhou para elai com um olhar mortal, logo olhou para Celline.

- Ela esta um pouco doente filha.

Mesmo com medo Celline estava magoada e virou o rosto e o corpo para a cama. Suspirou e soltou o pai indo para a maca abraçando o travesseiro.

Anthony ficou olhando a ruiva e Elai que se aproximou e abraçou a pequena, ele tinha um sorriso vencedor no rosto. Anthony só respirou fundo e saiu do quarto indo procurar o medico e o filho.

Como estavam sozinhos Elai acabou falando com o rosto próximo ao dela.

- Estou aqui para cuidar de você pequena, nada vai lhe acontecer, não vou lhe abandonar, eu te amo! - Após proferir as palavras Elai colou os lábios nos da menina em um beijo lento, estava saboreando o gosto da menina, logo parou. – Você será toda minha, seu sabor, seu calor. – Segurou os cabelos da ruiva olhando em seus olhos. – Seu corpo e sua...

Antes de ele terminar de falar a porta se abriu e Vitor entrou. Celline estava com lagrimas caindo pela dor do cabelo puxado.

- O que foi Line? – Vitor olhou preocupado com a irmã.

Elai prontamente respondeu.

- Esta com dor na cabeça, mas logo passa, não é querida!

Celline olhou para Elai com medo e afirmou, Vitor aproximou-se e segurou a mão da irmã.

- Logo vamos embora.

Elai começou a se mover para tirar a mão de Vitor de Celline quando Anthony abriu a porta e falou serio.

- Está tudo pronto. Elai gostaria que saísse para Celline trocar de roupa.

Os olhos de Elai foram para direção de Anthony, estava indignado afinal poderia vê-la nua, afinal tinha certeza que ela seria dele, mas mesmo assim afirmou com a cabeça e começou a sair olhando para Celline de uma maneira possessiva.

Vitor não gostou do olhar de Elai assim como Anthony também não, mas o pai o segurou pelo ombro.

Quando Elai fechou a porta Anthony pegou a Celline no colo que estava ainda encolhida, aproximou-se de Vitor e tirando a varinha do casaco aparatou-se com os filhos para longe.

Os três apareceram no chalé, Vitor ajudou o pai a instalar Celline no quarto. A pequena ficou quieta durante as primeiras semanas, não falava com ninguém a não ser com o Vitor, mas com o tempo começou a melhorar e também a falar com os pais, mas somente o básico.