sábado, junho 26, 2010

Soul Worg - Capitulo IV

A noite estava fria, parecia que ia nevar, Celline estava parada no meio de uma linda clareira, sentiu pequenos flocos de neve tocarem sua pele, estava somente com uma camisola rosa fina, mas mesmo assim não se sentia congelando...

Começou a andar em direção as arvores seus olhos verdes bem acostumados com a pouca luminosidade parecia ver cada centímetro do caminho perfeitamente.

Quando chegou às arvores, tocou o maior tronco e sorriu, afinal tinha ouvido um rosnado. Com o maior sorriso virou-se procurando alguém.

- “Gwor!?”

O coração de Celline batia forte, estava ansiosa para rever seus amigos, já fazia três anos que não via nenhum worg somente em seus sonhos.

- “Gwor cadê você?”.

Deu um passo para frente e olhou a sua volta, ouvia o rosnado e sentiu-se perdida.

- “Porque não está falando comigo? Eu sei que você não pode falar comigo... Meu pai fala que não, mas eu sei que pode então Gwor fala comigo!”.

Celline deu um passo para direção do rosnado até que viu olhos amarelos, não era comum isso depois de tanto tempo com os worgs nunca tinha visto olhos como aqueles. O coração bateu forte e o medo começou a tomar conta do corpo.

-“Quem é você?”.

A voz saiu tremida enquanto deu um passo para trás, sem ver para onde ia Celline bateu o corpo sobre algo e gelou, tinha batido em algo grande e que respirava, pois sentia sua respiração quente batendo em sua cabeça. O pânico cresceu e o grito surgiu, era de puro medo cheio de terror.

- Ah...

Uma mão quente tampou sua boca e uma voz grossa e seria pode ser ouvida.

- Quanto tempo, já lhe procurei tanto e agora não vamos mais nos separar.

Falando abraçou Celline a mão na boca desceu até o pescoço enquanto a outra envolvia a cintura colando mais os corpos. O rosto colou-nos dela e logo os lábios tocaram sua bochecha.

Celline se preparou para o beijo do estranho, mas sentiu uma crescente dor de uma mordida.

- Me solta...

Gritou com dor e as lagrimas caindo de seus olhos acabou molhando seu rosto enquanto o homem soltou uma bela risada.

- Não gosta de dor ‘minha’ pequena... É tão saborosa.

Celline tremeu o grito agora parecia entrar pelo seu corpo e ir até sua alma.

- Não, não sou sua, seu monstro!

Falou gritando enquanto o homem ria divertido, Celline se afastou dele.

- Sim, você é minha, você e sua matilha já falei isso, alias, viu como estão bonitos? - Esticou a mão direita mostrando nas arvores os worgs negros de olhos amarelos. - Foi difícil achar eles, assim como foi difícil achar você, mas seu pai não tem tanto poder para nos separar assim.

Elai pegou-a pelo braço e puxou para perto, seu corpo colou no dele. Sorrindo aproximou o rosto do dela falando baixo.

- Você não sabe o quanto esperei por isso.

Colou os lábios quentes nos dela. Celline se virou de uma vez para se livrar do abraço e do beijo que caiu no chão.

Resmungou algo abrindo os olhos e vendo seu quarto, na porta estava Louren com a varinha na mão pronta para atacar, atrás dela Anthony procurando alguém.

-Mamãe... – Falou com a voz chorosa. - Ele quer me pegar!

Anthony se aproximou enquanto Louren pegou a filha no colo.

- Calma bebe, ninguém vai tirar você da gente!

- Nunca permitirei isso filha.

Anthony falou abraçando a esposa e a filha. Celline afirmou com a cabeça aninhando-se nos braços dos pais. Fazia três anos que eram os três no chalé. Vitor quando completou seus onze anos foi chamado para Durmstrang e voltava para a casa nas férias, mais fazia dois anos que ele não voltava. Seus pais falavam que estava se prevenindo, mais Celline achava outra coisa, afinal nem castas podia mandar para ele.

Anthony e Louren a fizeram dormir novamente, meio arredia a pequena adormeceu, mesmo com medo, Mas o resto da noite foi tranqüila, sem pesadelos nem nada.

Quando amanheceu Celline levantou-se e escovou os dentes, penteou o cabelo e colocou um vestido simples e correu para brincar.

Descendo as escadas sem fazer barulho, para pregar uma peça na mãe, ouviu vozes, as dos pais e do irmão, quis gritar e pular no pescoço do irmão, mas algo a fez ir devagar. Quando chegou perto se escondeu para ninguém vê-la.

- Pai, ela precisa saber.

- Nunca Vitor, deixe sua irmã fora disto!

- Mais faz parte dela.

- Uma parte que já acabou não faz parte da nossa família.

- Ela era, alias é nossa irmã, para de loucura pai... Mãe fala com ele.

Louren ficou parada com lágrimas rolando pelo rosto enquanto olhava para Vitor, mas com a voz baixa e cheia de tristeza falou gaguejando.

- E-el-ela est-esta bem? V-voc-você a viu?

- Não mão, ela não está bem, ela esta sem a família que a expulsou de casa.

Vitor falou irritado.

- Olha como fala Vitor, respeite sua mãe.

-Respeitar, por quê? Ela deixou você levar a Brint embora, separou a nossa irmã, Cel nem se lembra direito porque era muito pequena, mas você sabe que as duas eram muito unidas.

- Chega Vitor. –Gritou Anthony. – Chega, para de falar bobeira, você não sabe de nada eu fiz o melhor para todos nós.

Louren chorando balançou a cabeça negando algo e começou a falar baixo.

- Parem foi toda minha culpa, eu que não cuidei direito, que deixei levar ela... Acha que não choro a noite Vitor, Brint saiu de mim e uma parte minha... Você nem ninguém sabem o que é isso então para com isso!

- Não, foi o papai que levou el...

Anthony deu um tapa no rosto de Vitor que parou de falar imediatamente, os olhos vermelhos com lagrimas caindo Vitor sentou-se e Anthony falou serio.

- Nunca, nunca mais quero ouvir falar disto... Aquilo morreu Vitor, deixe enterrado.

- AQUILO É SUA FILHA!

- NÃO, NÃO É NÃO... Aquilo nunca seria minha filha, só tenho Celline e você então chega.

Celline não entendeu e ficou parada quieta observando o que estava acontecendo, fiou chocada com tudo que ouvia, parecia que tinha recebido uma facada no peito, seus pensamento ia à irmã, há anos não lembrava conscientemente de sua irmã gêmea.

Ignorou o resto da conversa, os pais tentando fazer o irmão entender algo que parecia que nem eles sabiam direito o porque.

Para Celline a conversa terminou depois de varias horas com seu irmão saindo pela porta da frente batendo-a. Louren ficou estática totalmente perdida nas lembrando de Brint, enquanto Anthony olhava para ela e falou.

- Vá cuidar da sua filha, logo ela acorda.

- Não sei cadê ela! – Louren falou chorosa.

- Como não, Celline esta no quarto!

- Brint não está aqui, como será que ela esta?

- Fique quieta Louren, veja o que esta falando, já concordamos com isso esqueça aquela criatura.

Louren levantou-se chorando e falou nervosamente.

- Minha pequena, você não devia ter levado ela, não devia.

Anthony de cabeça quente virou a mão no rosto da mulher. O tapa foi tão forte que levou a mulher ao chão. Celline vendo a cena se horrorizou e acabou esbarrando num móvel chamando a atenção dos dois, Anthony sacou a varinha e aprontou para o móvel que voou revelando Celline encolhida.

- O QUE FAZ AQUI?

- n-na...nada p..papai... – Falou tremendo. – To faze...endo na...nada...

- Não minta para mim. - Gritou avançando na pequena, pegando-a pelo braço e arrastando para o armário. – Você vai aprender a não ficar ouvindo as coisas escondidas.

Anthony levou Celline para o armário e jogou a garota no chão, não se importou se machucava a filha ou não. Quando a ruiva caiu acabou torcendo o braço, Celline chorou e o pai fechou a porta deixando-a trancada no escuro sem se importar com o que acontecia.

A pequena ouviu outra discussão dos pais fazendo com que a pequena ficasse encolhida, tentou de tudo para não ouvir o que falavam, mas o assunto era ela... A única coisa que compreendeu entre os soluços era que iria treinar.

Passou a noite toda encolhida no armário frio e escuro, não entendia o porquê do pai estar fazendo isso, chorou até cair no sono, mas foi acordada com um chute na perna.

- Levanta! – Bradou o pai serio enquanto jogava sobre a filha água gelada. – Chega de moleza, vai ser alguém que pode se defender sozinha... Você tem que ser forte e não precisar de ninguém, esta me ouvindo?

Celline molhada tremeu afirmando com a cabeça e olhou para o pai, seus olhos ainda brilhavam a inocência, Anthony jogou a varinha sobre a menina indo para fora. Celline segurou a varinha ainda com medo e seguiu o pai.

- Agora você vai aprender côo se faz um feitiço. – Anthony segurou a varinha com a mão direita e apontou para a lareira. – Você deve se concentrar, mentalizar e verbalizar... Alguns feitiços e alguns bruxos conseguem realizar sem verbali... Está prestando a atenção Celline?

-S..sim papai.

- Ótimo então me fale o que se precisa para realizar um feitiço.

- Eh, concentrar... imagi...

Ao começar a falar Anthony virou o tapa no rosto de Celline olhando para a menina irritado.

- Você tem que prestar a atenção no que estou te falando, você esta me entendendo?

Celline afirmou com a cabeça, mas levou a mão direita ao rosto. Os olhos cheios de água pronta para rolarem pela face agora avermelhada da menina. Anthony aproximou da menina, por segundos Celline achou que iria receber um carinho, olhou para o pai, mas ele pegou seu braço e puxou para mais perto olhando ferozmente seus olhos.

- já lhe falei para você prestar a atenção... Vou te ensinar a se defender de qualquer coisa. – Fitando-a. – Quando alguém vier para cima de você, vai ter que bater nele, esta entendendo, vira o tapa nele.

Anthony novamente virou um tapa no rosto e sorriu.

- Assim, entendeu como é?

Celline afirmou com a cabeça olhando para o pai que se afastou. O coração batia forte quando ouviu a mãe descendo as escadas. A pequena quis corre, mas ficou com medo da reação do pai, então esperou Louren ir até ela e salva-la das crueldades do pai.

Louren desceu olhando os dois apaticamente passou por eles seguindo para a cozinha onde começou a fazer cozinho de cervo que Anthony tinha pegado na noite anterior.

- M.mamãe?

Louren não falou nada até ouvir a voz da ruiva pela segunda vez.

- Sim Celline? – Falou sem ao menos se virar para a pequena. – O que foi?

- Eh, que...

- Nada, Celline esta treinando agora não é filha. – Anthony sorriu para Celline. – Agora olhe para mim.

Louren nem se importou com os dois, nem com a voz chorosa da filha, novamente voltou sua atenção para as panelas. Celline pasma ficou olhando para o pai e logo correu os olhos para a mãe, suspirou abaixando a cabeça em seguida sem saber o que estava acontecendo concordou com o pai e começou a seguir ele para direção do porão da casa.

Já no porão/escritório Anthony abriu uma gaveta e tirou um comprimido levando para a boca da filha.

-Beba isso, é para ficar forte!

A pequena engoliu sem falar nada e Anthony entregou o livro para a menina ler. Celline foi para uma cadeira e começou a estudar o livro.

O tempo começou a passar e o treinamento de Celline era bem rigoroso a cada acerto Anthony falava que não era mais que sua obrigação e a cada falha uma surra, um grande sermão e mais um dia no armário frio e escuro.

Celline só tinha folga quando seu pai saia para caçar ou então para comprar algo na cidade. Até quando Vitor os visitava algo que raramente acontecia, ela não tinha folga.

Louren estava totalmente estranha, não falava direito com a filha nem com o marido, a pequena ruiva achava que a mãe vivia em modo automático, fazia comida, limpava a casa e dormia.

Uma noite deitada na cama à pequena ruiva rezou, pediu a anjos para acabar com aquela agonia e adormeceu depois de muito chorar.

Estava embaixo da coberta quando sentiu um peso extra na cama, seu coração bateu forte enquanto acordou assustada. Abriu os olhos relutantes e viu um par de olhos verdes brilhando em sua direção.

Em sua mente lembrou-se do seu pai falando. “Concentrar, mentalizar e verbalizar”. Pegou a varinha e se concentrou apontando para os olhos que brilhavam em sua direção.

- “Lumus”...

Da ponta da varilha um brilho fraco iluminou o quarto. Celline pode ver o worg branco a sua frente, as orelhas em pé e o rabo balançando de um lado para o outro, um latido foi ouvido e o worg se aproximou lambendo seu rosto. Ele parecia falar, mas agora Celline não entendia.

- Calma, estou aqui, também estava com saudades.

O Worg olhou sem entender e foi para dentro da coberta da menina, ele tremia como um filhote assustado, logo Celline entendeu o porque. A voz foi ouvida pelos ocupantes da cama.

- Encontrei vocês de novo...

Celline tremeu e abraçou o worg que rosnou para o visitante que olhava para ela com um olhar de posse. Uma risada infantil pode ser ouvida por todos no quarto, Celline esticou-se para ver quem era, mas acabou soltando um grito assustado.

- Ahhh...

Elai riu alto com o grito.

- O que foi minha pequena, não sentiu saudades? Vim levar você como havia prometido, falei que ninguém nos separaria.

- Meu pai vai brigar com você!

- Ah, meu amor, seu pai nem vai saber de nada, ele vai achar que você esta com ele enquanto na realidade você estará comigo.

- Mentira, ele vai sentir minha falta e vai me procurar.

- não vai não... – Falou uma voz feminina igual de Celline. – Ele nem vai saber que você sumiu, maninha...

A pequena na cama tremeu olhando para Elai e logo para a menina que aparecia em sua frente, era como se olhar no espelho só que com roupas diferentes. A pequena ruiva abraçada ao worg tremeu assustada.

-Br.brin.brint... – falou chorosa – Brint é você?

-Ah Elai, ela lembra meu nome que lindo! Isso agora saia do meu lugar, sai...

Brint gritava correndo na direção da cama e num movimento pulou sobre ela e começou a bater e empurrar Celline para fora da cama.

Elai riu e se aproximou de Celline segurando nos braços e levantando a menina olhando seus olhos, ele parecia gostar de ver o medo nos olhos dela que tentava inutilmente se soltar.

- Me solta.

Pediu chorando enquanto via Brint expulsar o worg da cama, Elai só riu e aproximou-se mais da pequena.

- Sabe sempre quis saber qual é o seu sabor.

Falou isso colando os lábios nos da pequena que quis gritar, mas quando abriu os lábios sentiu a língua de Elai invadir sua boca num beijo forçado.

Celline sentiu nojo e o corpo pegar fogo, gritou alto enquanto Elai a soltou e sorriu para ela.. Em desespero a menina correu para a janela e socou até que esta se abrisse, mas somente quebrou o vidro se cortando.

Acabou acordando assustada e gritando na sua cama sozinha, seu corpo estava ensopado e quente. Apesar do medo não reclamou somente se encolheu e ficou quieta na cama.

Fechou os olhos vendo que os pais não apareciam. Esperou a noite passar e o dia de tortura começar com a indiferença da mãe e os treinos torturantes do pai.

Celline no começo tinha achado uma fuga para os problemas, dormir, mas este virou outro. Pesadelos consecutivos com Elai e Brint fizeram a pequena não dormir mais do que duas horas por noite e para evitar o pai brigando acostumou-se a ficar horas quieta sem se mover com os pensamentos longes.

domingo, junho 06, 2010

Soul Worg - Capitulo III

O tempo passou e Celline recuperou-se de forma espantosa, todos esperavam que a menina dormisse por mais tempo, mas em menos de três semanas a pequena ruiva levantou-se, ainda sentiu um pouco de dor, mas não reclamou.

A primeira pessoa a ver que tinha levantado foi Louren, sua mãe. Os olhos da mulher encheram-se de água quando viu a filha sentada.

- Cel, princesa. - Louren correu e abraçou a filha forte como se estivesse ficado sem ela por anos. – Você está bem filha, está doendo?

- Mamãe, mamãe, não esta doendo muito não, estou com fome mamãe...

- Fome? Ah sim, vou trazer uma sopa para você... – Falou indo para a porta. – Vitor, Vitor, venha ficar com Celline, venha logo menino!

Celline ficou parada olhando a mãe que parecia radiante, ficou olhando sem entender a reação, mas não falou nada, afinal queria mesmo falar com Vitor.

Viu Louren andar pelo quarto olhando-a sempre até a maçaneta virar, o coração da pequena ruiva bateu forte quando viu o irmão que apareceu devagar e trazendo um grande copo de leite na mão.

- Boa tarde dorminhoca, até que enfim você acordou... Estávamos preocupados, principalmente papai que ameaçou todo mundo por muito tempo!

- Vitor, deixa sua irmã em paz.

- Ah? Como assim Vi?

- Vitor sem atormentar sua irmã com isso, cuide dela que vou fazer algo para ela comer.

- Sim mãe... Não vou atormentar a ruiva ta!

Louren sorriu beijando primeiro a testa de Celline depois a testa de Vitor, para a pequena na cama este pouco tempo de embolação da mãe era a morte. Assim que a mulher saiu do quarto Celline pulou ficando em pé ignorando a dor que sentiu na hora.

- Me fale!

- Sente-se Louca.

- Não, me fale logo, diz o que aconteceu, por favor!

- Esta bem, esta bem... Você levou um tiro.

Celline ficou parada olhando para ele com cara de incrédula.

- Para Vitor, isso eu sei, quero saber com o Worg que ia... Ele, ele morreu? FALA VITOR!

As lagrimas já caiam dos olhos da menina esperando que o irmão falasse algo. Vitor ficou parado e apontou para a cama, seus olhos estavam sérios e preocupados.

- Deita! – Vitor ficou apontando a cama. – Já Celline, deita que eu falo!

Emburrada Celline deixou na cama quieta olhando para o irmão, ainda estava ansiosa.

- Pronto, agora fala!

- Ótimo, e sim eu estou bem, nada aconteceu comigo, nem com o papai e o único worg que se machucou foi aquele primeiro que o tio Frank acertou!

-Então, eles estão bem? Espera... Ele morreu?

Vitor ficou parado e passou a mão no rosto dela e puxou para o colo, sabia que ela notaria o tapete novo da sala então com pesar falou baixo.

- Tio Frank o matou.

Quando ouviu isso Celline começou a chorar, seu rosto foi para o pescoço do irmão e ficou sem se mover, Vitor podia ouvi-la chorando e soluçando.

Ficaram assim por um bom tempo até que ouviram a porta ser aberta, Celline se jogou do colo do irmão para o travesseiro o apertando. Louren entrou com uma bandeja e o cheiro de uma deliciosa sopa tomou conta do quarto, mas Celline não se moveu.

- Filha, está tudo bem? Porque está Chorando?

Vitor falou primeiro.

- Ela esta emocionada mamãe, falei o que aconteceu como papai e os outros a acharam na floresta em meio aos caçadores e aqueles animais horríveis.

Quando ouviu isso Celline olhou para o irmão seria e irritada, ia falar algo, mas viu o mesmo fazer um movimento com a cabeça, Louren acenou com a cabeça e levou a bandeja para a filha. Celline suspirou triste e pegou a bandeja e voltou a olhar o irmão e a mãe. Fechou os olhos e começou a comer quieta.

Empurrou a sopa junto com o choro que sentia vontade de liberar, com muito esforço comeu tudo e sorriu para a mãe, que logo notou o sorriso forçado, mas não comentou.

Louren pegou a bandeja e saiu do quarto deixando Vitor e Celline sozinhos novamente.

- Agora me conte tudo!

Exigiu a pequena ruiva, o rapaz suspirou, mas acabou contanto duro o que aconteceu. Celline ficou assustada com o desfecho, mas não quis saber muita coisa sobre Elai e sim tudo sobre os Worgs.

Fez inúmera perguntas sobre os Worgs o que tinham feito o que fizeram os caçadores, se foram embora. A cada resposta ia ficando mais chateada e indignada, quase chorou, mas se segurou para não brigar com o irmão.

Vitor saiu deixando a menina sozinha, assim que passou cinco minutos se encolheu na cama e começou a chorar, sentia a morte de seu amigo, assim como a perda por eles temer ido embora, não se conformava com isso, queria bater nos caçadores por todas as complicações.

Com o choro veio o sono e Celline nem notou que acabou dormindo encolhida, nem soube o tempo que passou, só sentiu uma mão quente passando em seu rosto. O horror do pesadelo veio a tona, sentiu nojo e não agüentou e gritou olhando para os lados e para o dono da mão quente.

No instante do grito de Celline, Anthony afastou-se preocupado.

- Filha, Celline! O que aconteceu? – A voz estava seria e bem preocupada. – Diga-me o que foi filha, estou aqui para te ajudar.

Anthony abraçou Celline de uma forma que a pequena ficou confusa, afinal dês da separação da gêmea de Celline, Anthony não aparentava ser o pai que um dia foi e bem neste momento estava carinhoso como sempre foi.

- Um pesadelo papai!

- Pesadelo? Conte-me!

- Ah, foi... – Ficou vermelha e sem jeito respirou fundo e se aninhou em seu colo. – Com um monstro vermelho que queria me levar para longe.

- Vou te proteger filha, ninguém te leva para longe, está bem... É uma promessa.

Celline não falou nada só afirmou e fechou os olhos e reviu o “monstro”... 1, 95, branco, lábios finamente desenhado em seu rosto, olhos azuis com um brilho malvado. O coração da pequena bateu mais forte quando suas lembranças tomaram formas, podia ouvir a voz dele.

- Anthony!

Celline travou no corpo do pai não conseguindo respirar por alguns segundos.

- Vim saber como estão.

- Elai, que bom que apareceu, tinha que falar com você mesmo!

Anthony levou a pequena Celline para a cama e a cobriu por dentro Elai amaldiçoou sua ação, mas não falou nada sobre isso.

- Mesmo, fale... Não é sobre os worgs, certo!

- Claro que é, temos que tomar algumas providencia. – Falou tocando o ombro de Elai. – Vamos para o meu escritório.

Os olhos do homem saíram da pequena ruiva e foram para Anthony cheio de ira.

- Claro, vamos, mas me fale... Sua filha está bem?

- Ah sim, obrigado ela está ótima já.

- Quando vai começar o treinamento dela?

- Elai, aqui não e acho que nunca, Celline não vai ser treinada!

Os dois homens se entreolharam e ficaram mudos, Anthony mostrou a porta e Elai relutante saiu seguindo para o escritório deixando a ruiva sozinha novamente.

Estava assustada com o que aconteceu. “Treinar?” sobre o que eles iriam falar, queria levantar-se e ir até eles para ouvir e também reclamar se fosse fazer algo contra os worgs novamente.

Levantou-se e foi até a porta, mas deu de cara com Vitor.

- Aonde você pensa que está indo?

- Lugar nenhum...

- quer ir? – Falou sorrindo. – Te levo para um lugar especial, para ver alguém especial, mas só se você prometer que vai sorrir.

OS olhos de Celline brilharam e afirmou com a cabeça já indo trocar de roupa falando alegre.

- Sim, sim... Prometo tudo!

Vitor riu e foi para a porta, logo em seguida Celline passou pela porta já colocando o casaco.

- Estou pronta!

- Vamos, mas temos que ir em silencio.

A ruiva colocou a mão na boca e sorriu, foi seguindo o irmão quieta. Quando passaram pelo escritório a pequena quis ficar, mas o medo de ser pega e a vontade de ver seu “amigo especial” era maior.

Com muito cuidado saíram da casa e foram indo para a direção da floresta, foi arriscado, pois a janela do escritório era grande e bem na direção que eles seguiam.

Por muita sorte os dois irmãos chegaram até o esconderijo de Vitor sem ninguém vê. Vitor levou à mão a boca e assoviou, sem demora um worg branco de olhos azuis apareceu devagar, mas quando viu a ruiva correu pulando todo alegre.

- Cara, eu pensei que ele ia viver amuado para sempre... – Vitor riu. – Ainda bem que estão juntos, senão ia me afogar.

Celline não se importou com o que o irmão falou brincando, olhou para o worg e suspirou falando em um tom calmo.

- Ele só precisava de atenção e carinho, tenho certeza que você não fez nada, nenhum carinho nele...

- “Naum mesmu”.

Quando ouviu isso Celline ficou parada, o sangue fugiu de seu rosto e os olhos fixos no worg que também ficou parado olhando-a. Vitor vendo a situação riu, mas logo se assustou por ver a irmã daquele jeito.

- O que ele está latindo? – Falou rindo, mas em seguida ficou serio olhando para a irmã. – Cel, ta me assustando o que foi você esta bem? Esta tão pálida.

Perdida ainda Celline ouviu o que Vitor falava e virou-se para ele.

- E... Ele falou que você não fez carinho nele mesmo.

Estava tremula, enquanto o worg olhou preocupado também.

- “Cellin esta bem?”.

A pequena deu um passo para trás e acabou caindo sentada, seu coração batia forte, mas seu rosto ainda estava branco.

- Celline... – Vitor correu até ela segurando ela e fazendo-a levantar. – O que esta acontecendo mana?

- Ele fala, ele fala e eu entendo... Como?

- Ah!?

Celline tremia olhando para Vitor e para o worg ainda quieta sem saber o que estava acontecendo.

- “Gwor preocupado Cellin esta bem?”.

- “Si... sim, estou bem sim Gwor, mas cadê todos... Estão seguros?”.

- “Sim, Gwor ficar para saber de Cellin, mas já ir embora, casa nova como Cellin e Vitur falar...”.

Vitor ficou pasmo, afinal via sua irmã falando com o worg, na mesma língua que ele.

Celline deixou uma lagrima cair e logo outra seguida de muitas mais, seus braços envolveram o corpo do worg num abraço forte de despedida, queria ficar com ele nos braços para sempre, mas sabia que não podia. Tinha que deixá-los ficar em segurança, eles em primeiro lugar.

- “Vai Gwor, tem que ir e cuidar de todos, não deixe ninguém se machucar ouviu!”.

O grande worg afirmou com a cabeça e lambeu o rosto da pequena e logo começou a se afastar. Celline sorriu triste e abraçou Vitor forte e depois de alguns segundos que o Gwor foi embora começou a chorar. O irmão só abraçou a pequena ruiva forte, consolando-a por um bom tempo.

Quando Celline se sentiu em condições olhou para Vitor que beijou sua testa e falou num tom baixo e carinhoso.

- Vamos para casa, esta passando da hora!

- Sim, vamos!

Os dois começaram a caminhar, mas no meio do caminho eles ouviram vozes.

- CELLINE, VITOR ONDE ESTÃO? APAREÇAM...

Vitor travou e olhou confuso para a irmã e moveu o rosto procurando os donos das vozes. Ele pareceu reconhecer algumas enquanto outras eram totalmente desconhecidas. Segurando a mão de Celline protetoramente gritou com todas as forças.

- TIO FRANK, ESTAMOS AQUI!

Não demorou muito e Frank e Elai saíram de trás de uma arvore e olhou para os dois. Elai estava com a varinha em sua mão pronta para atacar qualquer um.

- Celline... – Falou serio e correu abraçando a ruiva pegando-a no colo. – Esta tudo bem? Machucada, onde foi?

A pequena e o irmão se entreolharam sem entender a reação do homem, queria falar algo mais ficou com medo, então ficou quieta sobre os braços do homem que a apertava contra o corpo.

Quando Anthony apareceu e viu a cena seu rosto endureceu, os olhos foram de Vitor no chão a Celline no colo de Elai.

- O que está acontecendo?

- Os achamos e estávamos indo para casa. – Falou Elai começando a caminhar. – Celline não esta bem para ficar andando pela floresta ainda mais com esta cheia de perigo, será que você não tem nada na cabeça menino?

Falou bravo quase batendo em Vitor, Celline começou a tremer pelo tom da voz do homem que a segurava, olhou para o pai e esticou os braços querendo ir para o colo dele. Elai relutou em deixá-la ir para o colo de Anthony, só deixando quando ele segurou nos braços e puxou a pequena ruiva.

- Elai, não fale assim com meus filhos deixe que cuido deles!

Os olhos azuis fuzilaram Anthony que segurava com firmeza Celline e começou a andar.

- Acho que “todos” nos devemos ir para casa, cada um para sua!

Algumas pessoas que estavam se aproximando ouviram e afirmaram, Elai ficou olhando serio para Anthony.

- Como? Esta me mandando embora?

- Estou falando que estamos todos cansados e deveríamos ir para casa... Minha filha, como você mesmo já falou... Ainda está em recuperação!

Elai ia falar algo, mas notou que a pequena estava assustada e agarrada ao pai, quis pega-la e levá-la consigo, mas somente ficou olhando para Anthony e Vitor que afastavam-se levando consigo a pequena ruiva que lhe tinha roubado a paz e a razão.

- Anthony nos verá em breve.

Elai falou isso pegando sua varinha e num movimento sumiu sendo seguido por vários outros homens.

Anthony olhou serio para onde Elai estava e logo se virou para os filhos, beijou a testa de Celline e falou num sussurro.

- Teremos problemas.

- Sim. – confirmou Vitor mesmo sem saber o motivo do pai falar isso e logo emendou feliz. – Pai, Celline fala com os lobos e os Worgs!

A menina gelou nos braços de Anthony que olhou para pequena preocupado, mas falou com uma voz calma.

- Shiu, isso é só a imaginação de vocês dois, não fale mais isso, agora para casa, certo Vitor!

O pequeno afirmou com a cabeça e Celline continuou quieta pelo caminho todos os três não falaram nada, até chegar a casa.

- Pai, você tem certeza de que a Celline não pode falar com os lobos?

- Vitor me escuta, a única criatura que podia fazer estas coisas estranhas já foi eliminada... – Anthony parou lembrando-se do dia que separou suas gêmeas. – Agora vamos esquecer isso certo, temos que chegar a casa logo sua irmã precisa deitar, foi muito errado ter levado ela de casa, afinal ainda esta em recuperação, nisto Elai estava certo. Não faça mais isso certo!

- Está bem pai, só queria a fazer sorrir, Cel estava tão triste.

- E verdade papai, ele não fez nada de errado, eu que quis ir.. Papai eu falei com o lobo de verdade!

Anthony passou a mão na cabeça da filha e falou calmamente.

- Princesa, você ainda esta dodói por isso acha que falou com o... –Anthony somente olhou para Vitor bravo, mas fez carinho em Celline. – Seu amigo.

Em sua cabeça Anthony já saiu pensando em ir embora, ainda mais com esta nova situação teria de adiantar seus planos.

Ao chegar em casa Louren estava na porta e quando viu os três correu e pegou Celline no colo falando brava.

- Nunca mais faz isso pequena!

- Ta mamãe.

- Você também Vitor, estão proibidos de sair sem avisar a mim ou a seu pai!

Os dois afirmaram com a cabeça e Anthony sorriu e seguiu para o subsolo. Assim que Anthony sumiu Louren seguiu com os filhos para a escada em direção ao quarto, começou a falar feliz.

- Você tem um presente minha pequena, é um lindo presente.

- O que é mamãe?

- Ah, é surpresa meu anjo – Falou abrindo a porta do quarto e mostrando sobre a cama um lindo lobo branco de pelúcia com um colar de ouro com um pingente redondo de cristal vermelho. – Não é lindo filha... Os dois vão cuidar de você para sempre.

Louren sorriu colocando a filha na cama e entregando os presentes. Celline sorriu e abraçou o lobo branco forte enquanto a mãe colocou o colar em seu pescoço.

A pequena ficou a brincar com o lobo de pelúcia por um bom tempo até Anthony entrar no quarto. No primeiro instante achou normal o brinquedo novo da filha, até sorriu, mas quando se aproximou e viu o colar ficou rígido e serio.

- O que é isso no seu pescoço Celline?

- Ganhei da mamãe, não é bonito, chama Gwor como meu amigo...

A pequena falava da pelúcia, nem se lembrando do colar que tinha no pescoço. Anthony sorriu e passando a mão nos cabelos da filha moveu os dedos e tirou o colar falando serio ainda.

- Princesa, você é pequena para usar este tipo de jóia, então papai guardara para você esta bem... – Falou sorrindo e beijando sua testa. – Agora olha, papai trouxe um remédio para você melhorar!

Celline fez careta para o remédio nem se importando do pai pegar o colar. Anthony levou o remédio à boca da ruiva que acabou por engolir ele. Logo o pai beijou a testa da filha e saiu sorrindo.

Logo a menina começou a dormir. Anthony foi de encontro a esposa e começaram a conversar, seguindo para o escritório. Depois de quase uma hora conversando Louren sai de lá indo para os quartos, com a varinha na mão começa a fazer feitiços para arrumar as malas.

Anthony já preparava as coisas em seu laboratório, terminou mais alguns remédios de Celline e sorriu.

O primeiro a acordar foi Vitor que estranhou o quarto, a cama e tudo mais, o pânico tomou conta do menino que gritou.

- PAPAI, MAMÃE....

Os dois que já esperavam isso correram para o quarto do filho.

- Calma filho esta tudo bem... não se preocupe.

Logo os dois ouviram o grito de Celline que apareceu na porta em meio as lagrimas. Foi Anthony que a pegou no colo e falou para os dois.

- Calma meus amores, papai e mamãe estão aqui e nada vai acontecer com vocês...

Ele esperou os dois filhos se acalmarem, Louren trouxe leite quente para os dois e entregou para eles que beberam já acalmando. Anthony que ainda segurava Celline no colo levou um comprimido para a boca da filha que engoliu sem nem saber o que era.

Anthony respirou fundo e colocou a filha na cama com Vitor que olhava os pais. Anthony foi o único que falou.

- Bem, aqui onde estamos vai ser nossa nova casa, a antiga estava cheia de perigos, e não queremos que nada aconteça com vocês... Sua mãe e eu vamos ensinar tudo o que vocês precisam saber para sobreviver... Ninguém vai fazer mal para vocês nem nos separar.

Depois desde dia a família Aileen viveu reclusa, não recebiam visitas e não deixavam ninguém se aproximar, os únicos que iam para a cidade eram Louren e Anthony e sempre iam aparatando.

Vitor não entendeu muito bem e começou a ficar revoltado, Celline não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas aceitou o maximo que podia. Tinha constantemente sonhos com o “monstro de olhos azuis” e os Worgs, mas nunca conseguiu falar para ninguém, agüentando a angustia sozinha.