sexta-feira, agosto 06, 2010

Memórias – Capitulo I

Eu estava em um cubículo, só podia ser isso. Dois por dois e apesar de ser pequeno este pequeno espaço estava me deixando louca. Poucos passos e parede, mais alguns e outra parede.

Naquele momento só queria as flores da Itália.

- Flores... Belas flores! – Minha voz parecia ecoar e bater nas paredes.

Neste tempo que passei andando de um lado para o outro, as imagens da Itália não saia da minha mente.

Fechei os olhos para rever as cenas, era como assistir um filme. Tudo me chamava a atenção agora. A voz da criança chamando o pai e a mãe, o cão latindo do outro lado.

Respirei fundo e pude sentir o odor das flores, sorri.

- Às vezes é bom ser uma androi... – Mas antes de terminar a porta se abriu e fiquei em silêncio.

Os passos certos denunciaram ser um soldado, mas tinha outra pessoa junto. Parei em posição de alerta.

- E bom ser o quê And 004alfa? – a voz de outra mulher ecoou pelo cubículo.

- Quem é você? – Ainda estava parada.

- Sou a doutora Isabella GreenWood sua médica. – Ela falava firme e calma.

- Minha médica, nunca precisei de uma médica, porque agora? – Estava cética para com esta médica.

- As coisas mudam And 004alfa. – Ela riu.

- Pare de me chamar assim... – Isso me irritava.

- E como você quer que ela lhe chame? – Quem falou foi o soldado.

Virei meu rosto para direção dele e cruzei meus braços. Minha mente vagava por uma grande lista de nome, todos bonitos. Me deparei com um que foi bem agradável usar.

- Irina Yastra. – Minha voz era decidida.

Pude ver o soldado levantar a sobrancelha meio confusa, mas Isabella só sorriu.

- bom nome... Irina Yastra, russa de família rica criada em um internato saiu de lá para assumir os negócios, dos pais, seduzir e matar o único sócio da industrias Yastras para trazer todas as ações para a corporação, já que ele não estava cooperando. Sedutora, ingênua, frágil e letal. – Ela falou sem olhar em nada.

- Vejo que pelo menos alguém faz suas lições. – Ri olhando para o soldado.

Seu rosto ficou vermelho e segurou uma caixinha preta, pude ver que ele estava louco para apertar. Mesmo no escuro eu conseguia ver claramente seus objetos e ações. Vi Isabella levar a mão esquerda sobre a dele e pegar a caixa.

- Pode ir senhor Grant. – Ela falou segura.

- Mas... Tem certeza. – O soldado estava incrédulo.

- Sim, tenho certeza, pode ir! – Realmente ela me surpreendia com sua voz segura. – Agora... Irina... somos ó nos duas. – Ela se mantinha parada.

O soldado saiu batendo o pé, certamente irritado, não resisti e abri um sorriso dando um aceno para ele, mas voltei rapidamente para Isabella.

- O que você quer? – olhei curiosa.

- Uns exames... Uns upgread entre outras coisas. Você é única and004alfa! – Ela mantinha a calma ao falar.

- Bem, para mantermos qualquer diálogo, você devera me chamar de Irina. – Minha voz era decidida.

- Está bem! Irina, agora me responda... É bom ser o quê? – Ela estava curiosa.

- É bom ser um andróide. – Falei dando de ombro.

- Então você gosta? – Ela pegou uma prancheta.

- Sim, como não gostar do que sou? – Ri.

- Ótimo quer caminhar? – Ela apontou para a porta.

- Claro, vamos. Segui passando pela porta.

Olhei para ela para ser se era brincadeira, mas ela seguiu pela porta e sorriu.

Feliz por sair do cubículo segui ela. Passei pela porta e quase pulei de felicidade, mas tinha que me portar.

Vi que estava de tarde, pois pude ficar olhando para a janela enquanto caminhava ao lado dela.

- Quer ir tomar sol? – Isabella parecia ler minha mente.

- Posso? Quer dizer... Eu adoraria. – Falei me sentindo uma criança.

- Claro, vamos tomar sol, e lá você me responder algumas coisas. Tudo bem? – Agora ela falou, mas autoritária.

Agora sim ela estava colocando as garras de fora, mas sorri para ela.

- Sim, respondo sim. – Após falar, segui para a porta de saída.

Conhecia bem aqueles corredores mesmo que não passasse por eles. Tinha a planta do lugar na minha mente ou menos no meu HD.

Quando abri a porta, senti o sol aquecer meu corpo, isso era bom, afinal, minhas energias estavam diminuindo por falta de sol e alimentos.

Isabella parecia não se importar que minhas células tirassem energia do sol, ela estava tão confiante.

- Então o que lembrava? – Ela perguntou do nada no meio do caminho.

- Lembrei de Gabriela Del Passo, uma espanhola que vivia na Itália. – Falei desinteressada, afinal eram sós lembranças.

- Algum homem em especial? – A voz era casual.

- Como? – Olhei surpresa e ela riu.

- Só uma curiosidade. Teve algum homem que lhe chamou atenção? – Ela sorriu.

Parei de andar e olhei para ela. Fiquei quieta pensando logo uma imagem veio a minha mente. 1,90 de altura, corpo musculoso olhos escuros, pele bronzeada. Senti meu corpo despertar. Balancei a cabeça e falei sem pensar direito.

- Enzo Tricalli. – Minha voz foi diferente.

- Enzo, bem... O segurança, ele é bonito, gostaria de ter ficado com ele? – Seu tom era especulativo, sorri para ela.

- Mas eu fiquei, como acha que consegui entrar na casa do algo. – Minha mente encheu de lembranças de Enzo. – Um pouco de vinho e um corpo quente roçando abrem todas as portas. – Eu sorri para ela.

Isabella pegou um pequeno escaner e passou na minha direção. Levantei uma sobrancelha.

- Acho que foi mais que isso, sentiu algo a mais por este Enzo? – Isabella sorriu.

Ainda olhando para ela fiquei séria, como mais que isso.

- Foi só isso, um meio para concluir uma missão. – Fui mais rude do que queria ser.

Isabella sorriu.

- Calma, sabe... Estou pensando em você aqui presa sozinha... Que tal sair e se socializar com outras pessoas? – Ela sorriu.

Fiquei parada pensando no que ela queria de verdade. Mas sair assim era bom de mais.

- O quê você quer em troca? – Perguntei séria.

- Só quero alguns exames sempre que você sair, alguns relatórios sem omissão... – Ela se mostrou séria também. – Temos um acordo?

Parei olhando para ela. Ainda séria, mas poder sair era maravilhoso.

- Certo. Todos os dias que sair terá exames e relatórios.

Isabella sorriu e digitou algo no seu Pda.

- Está livre, pode ir quando quiser a vamos mudá-la para um quarto novo para poder ser acostumar aos humanos. – Isabella parecia feliz.

Afirmei com a cabeça e comecei a andar pelo jardim. Depois de alguns passos olhei para ela.

- Vou ganhar roupas também? – Curiosa, sorri para ela.

Isabella pensou e só afirmou com a cabeça. Estava tudo perfeito, mas ainda queria descobrir o porquê de tudo isso.

Saindo do jardim, fomos para o prédio. Segui para meu cubículo, mas Isabella segurou meu braço e apontou para direção do setor médico. Torci o nariz e fui com ela.

Eram muitos exames, sangue, aeróbico e outros que não me interessava.

A maioria, meu próprio sangue, já respondia os nanobolts eram precisos. Mas, me abrismei quando Isabella me deu uma camisola.

- Troque-se e coloquei as pernas nos apoios. – me aprontou a maca ginecológica.

- Para quê? – Falei trocando a roupa e deitando.

- Exames 004Alfa! – Falou séria.

Não perguntei mais nada. Senti o exame. Era desconfortável. Tudo naquele dia estava estranho. Após algumas horas acabei sendo liberada. Isabella entregou um mapa indicando meu novo quarto.

Segui sozinha para o novo quarto. Era simples a decoração oriental me fazia sorrir. Uma cama, armário embutido, uma penteadeira. Fui para a cama e me joguei nela.

Minha mente processava ainda os acontecimentos. Fiquei horas deitada pensando, mas a resposta não vinha.

Isabella abriu a porta. Ela estava com uma bandeja nas mãos. Sorriu e me deu a comida. Falamos sobre muitas coisas, desde missão passada, até moda. Como ela o tempo passava rápido e nem percebi que os minutos viraram horas, as horas dias e dias as semanas.

Numa tarde enquanto eu treinava com as espadas, Isabella entrou com um papel na mão.

-Adivinha o que tenho aqui. – abanou o papel.

- Há?! Um convite. – Falei após ler o conteúdo.

- Droga. Odeio isso. – Ela riu. – É para você. Uma festa importante. Vai muita gente, quem saber o Enzo não esteja por lá.

Quando ouvi o nome, meu corpo não me obedeceu e sentiu uma lâmina passar quase arrancando meu pescoço. Isabella ficou parada e esticou o convite. Não pensei duas vezes e peguei.

- E aqui? – Olhei para ela.

- Sim, já ajeitei tudo. Divirta-se. – Ela riu e saiu da sala.

Larguei o treino e fui para o quarto. Tomei um banho longo e me arrumei. Trajei-me com um lindo vestido roxo que deixava todas as curvas do corpo em evidência.

Duas horas depois, saí do complexo com uma Ferrari. Velocidade me agradava.

Chegando na festa, entreguei o convite e fui para dentro. Meus escaner procuravam Enzo, mas logo parou sobre um homem. Ele era bonito, alto, forte, fez minhas pernas tremerem.

Fiquei de longe observando ele, até sentir um par de mãos em minha cintura. Olhei para trás e vi Enzo. Sorri e beijei seu rosto. Acabei falando com ele por horas. Era fácil falar com ele.

Mesmo estando com Enzo e suas mãos me tocando, minha cabeça estava no homem que tinha visto ao chegar.

No decorrer da noite, acabei me afastando dele e saindo sem terminar a festa, afinal o homem que queria tinha sumido.

Fui para o complexo já parando no setor medico. Isabella entrou em seguida.

- Como foi? Encontrou Enzo? – Ela tava curiosa.

- Sim, conversamos e mais nada. – Estiquei para ela um pequeno drive e ela sorriu.

- Não ficou com ele? Por quê? – Falou tirando sangue.

- Achei outra vitima. – Nem sei por que falei isso e ri.

Isabella ficou séria, mas logo sorriu terminou os exames e me liberou.

Fui para o quarto pensando no rapaz. Até sonhei com ele, sim algo estranho sonhar.

Isabella entrou no meu quarto com uma pasta. Estava deitada na cama lendo. Ela chegou falando.

- Uma missão para você... É fácil, mas você vai para outro país. – Ela jogou os documentos sobre mim.

Movi a mão e senti as informações invadirem meu cérebro. Afirmei com a cabeça e fui me arrumar. Isabella ficou parada querendo falar algo, mas ficou quieta e logo saiu.

Peguei os documentos e sai, estaria em alguns segundos na cidade. Não tinha me preparar muito.

Chegando na cidade fui para o complexo do alvo. Eles a denominavam “A torre”.

Fiquei alguns instantes observando o lugar, apesar de segurança iria ser fácil entrar.

Ajeitei-me e fui pra o portão. Sorri para o segurança que logo abriu o portão. Ele ainda foi educado e prestativo me falando onde era o elevador.

Muita gente no elevador, mas senti um aroma, uma presença. Olhei em volta e vi o mesmo homem da festa. Abaixei o rosto e fiquei olhando para ele de rabo de olho.

Assim que saímos ele falou sério para mim.

- Quem é você? – Sua voz era firme.

- Sou Isabella Tokido, secretária, me mandaram para cá. – Usei uma voz suave.

- Te mandaram para cá? Bem, esta bem. Venha, vai escrever a ata de hoje. – Ele falou e começou a seguir.

Fiquei parada, precisava entrar no computador para pegar os arquivos e ele agora ia me dar acesso ao que queria. Sorri e segui.

A reunião começou normal. Os homens falavam sobre números e o que ele deveria fazer, Já ele, falava sobre o que queria e eu invadia o computador central.

Enquanto eu digitava ele falava mais alto, ate que se virou para mim depois de expulsar todos e fechou o note.

- O que pensa que está fazendo? – Gritou me olhando.

- O que o senhor mandou!

- Está brincando, garota? Nunca te vi por aqui e fala que é minha secretária? Quem te mandou aqui? – Seus olhos em cima de mim. Devo confessar que fiquei inclinada a pular nele.

- Marta da RH me mandou aqui para substituir a Ângela.

- porque não me... Ah, vai embora, suma da minha frente, se te pegar mexendo em algo... – ele nem falou mais pareceu grunhir de raiva.

Desconectei-me e saí da sala do escritório. Já estava com a planta, só precisava ir para o computador central.

Fui direto para o elevador e entrei. Torci para ninguém ver. Ativei meu dispositivo e fui para a penumbra. Era mais fácil fugir por lá.

Meu queixo caiu quando vi a perfeição do lugar.

Segui para a área da informática. Foi complicado passar pela segurança, mas assim que me conectei ao computador inseri o vírus e como não queria levantar suspeita sobre mim. Sai da umbra bem quando ele entrou.

Foi a única vez que senti medo. Corri para o estacionamento e peguei a primeira chave que vi.

Queria sair logo dali. Entrei no carro e liguei, vi quando o alarme tocou então pisei fundo. Amo adrenalina.

Passei feito um foguete pelo portão, já me considerava livre quando notei uma s10 vindo atrás de mim. Mordi o lábio inferior e acelerei mais.

Numa reta quando achei que estava livre senti o carro bater. Foi quando vi a S10 acertando com tudo o meu carro. Tentei segurar, mas não consegui. Capotei algumas vezes e quando consegui sair do carro... Lá estava ele, bufando e me pegando pelo braço.

- Quem é você e o que quer? – Ele quase rosnou.

Com uma força enorme me jogou no chão.

- Sou uma secretária!

Sorri levantando e puxando duas espadas. Meus olhos brilharam. Num movimento rápido com a mão direita acertei seu braço. A lâmina afiada cirurgicamente cortou a pele dele fazendo o sangue escorrer. Sorri para ele.

Ele urrou e pulou sobre mim. Achei loucura até sentir a garrada, rasgando minha roupa e pele.

Minha espada passou sobre o peito dele e pude ver o sangue escorrer, mas não era mais na pele e sim no pelo... Seu corpo cresceu bem na minha frente. Garras e presas enormes. Fiquei sem ação ao ver aquela forma.

Ele se aproveitou disso e me pegou jogando com toda a força no chão.

Nesse instante, senti tudo quebrar. Meus olhos ficaram negros e apaguei.