segunda-feira, janeiro 30, 2012

Os Manson em: A busca



A estrada estava vazia, mas não por muito tempo. Num instante uma moto vermelha e preta passou rasgando a estrada, muito acima da velocidade permitida e trazendo consigo o barulho do motor envenenado. O piloto estava totalmente oculto por um capacete preto com o desenho de uma fênix, uma calça de couro e uma jaqueta, com somente uma cor diferente em um pequeno símbolo bem acima do peito.

Enquanto o sol ia se pondo a velocidade da moto ia diminuindo até parar por completo, tombando-a para o lado por alguns instantes apoiou a moto na perna direita e, rapidamente, tirou a luva puxando a manga da jaqueta. Constatou o horário e suspirou, estava quase atrasada.

Tirou o capacete e logo desceu a mão pelo rosto até chegar sobre o símbolo bordado na jaqueta. Passou a ponta dos dedos sobre ele e fechou os olhos por alguns instantes, sentia saudades, mas logo balançou a cabeça e pegando o celular começou a montá-lo.

Com a voz calma e tranquila começou a falar.

- Um, dois, três e quatro! – Riu baixinho, sentiu o celular vibrar e antes mesmo dele tocar atendeu. – Pronto! Me de á noticia que espero.

O celular ficou mudo por alguns instantes e logo a voz falou hesitando.

- Senhorita Manson?

- Não, é o papa que ta falando aqui... Céus, diga logo... Você achou o filho da P... –Jessie sentiu uma leve pontada na cabeça e fez bico. - Boa mãe?

- É não, bem desculpa! Sim, achei sim, não esta muito longe só mais algumas horas até um hotel em Genèva, o nome dele é ‘Moevenpick Hotel’... Parece ser bonzinho, tem barzinho, restaurante...

Quando começou a ouvir o rapaz Jessie soltou um suspiro de alivio, sua mão desceu lentamente para sobre a barriga e fechou os olhos. Porem antes mesmo de o garoto continuar a falar Jessie revirou os olhos e com uma voz não muito amigável falou.

- Certo moleque, obrigada, você foi de muito ajuda, não deixe sua “mãe” saber que esta de novo fuçando no computador, esconde o note que eu lhe dei porque não vou fazer outro para tu. –Jessie pensou em algumas coisas e riu. – Certo, também quero uma reserva se possível do lado do quarto dele... Alias, usa o nome de Meghan Wolf... Certo beijinho e se cuida.

Nem deixou o rapaz e falar e desligou, já tinha passado muito tempo no telefone, voltou a desligar e desmontar o celular. Suspirou e olhou a paisagem, seria uma boa viagem, mas sabia que não podia apreciar por muito tempo. Voltou a ligar moto e saiu cantando pneu, logo estava empinando e rindo divertida.

Não se importou muito com a velocidade, afinal sabia que aqueles radares não a pegariam nunca, confiava em suas habilidades. Jessie desviava dos carros e caminhões com grande habilidade, mas logo parou na entrada da cidade. Tirou o capacete e ajeitou o cabelo o deixando respirar um instante, também aproveitou para sentir o vento gelado bater em seu rosto, seus olhos azuis passaram pela cidade toda, pelo horário adormecido.

Ficou parada um pouco pensando e murmurou baixo.

- Desta vez você não me escapa! –Sua voz era levemente ameaçadora.

Torceu o cabelo e colocou o capacete ajeitando-se e logo acelerou a moto partindo para direção do hotel, antes mesmo de fazer qualquer coisa Jessie merecia um premio por ter achado ele. Ficou pensando em algumas coisas enquanto passava por alguns carros e outras motos.

Seus olhos foram atraídos por um pub, onde tinha muitas motos paradas na frente, ficou tentada a parar ali e conversar com algumas pessoas e também beber, mas achou melhor não fazer isso. Acelerou a moto empinando, conseguindo atrair alguns olhares, mas logo ignorou os assovios e urros de incentivo e partiu para o hotel.

Quando chegou à entrada olhou por todo ele e balançou a cabeça murmurando sozinha:

-Sempre um playboy!

O manobrista levantou uma sobrancelha olhando para a moto e logo para o piloto:

-Como senhor?

Jessie riu tirando o capacete, olhou para a moto e para o rapaz e suspirou.

-Muito cuidado com ela!

-Sim senhora... –O rapaz ficou olhando para a mulher descer da moto e caminhar para a recepção, ele deu um sorriso e passou a mão no tanque da moto. – Cuidarei muito bem dela.

Jessie olhou para direção do rapaz, seu olhar era quase assassino e o manobrista arrepiou-se todo e se apressou em guardar a moto.

A morena se virou para o recepcionista que estava olhando atento a tela do computador a sua frente, com uma voz cansada pelo horário avançado, falou baixo.

-‘Moevenpick Hotel’ em que posso ajudar?

-Entregando-me a chave da minha suíte. –A voz era tranquila agora.

-Qual o numero? –O rapaz ainda não tinha se dignado a olhar para cima.

Jessie deixou o sorriso que estava mantendo sumir e deu um leve tapa sobre a mesa e inclinou o corpo para direção dele.

-Não sei, mas tenho certeza que se você resolver trabalhar e procurar a reserva da senhorita Wolf vai encontrar e me dar à chave!

A voz dela era fria e cansada fazendo o rapaz se inclinar um pouco para trás com o coração assustado, tremeu um instante e começou a digitar algo no computador, logo pegou um cartão passando por sua maquina e entregando para ela.

-S. sinto muito senhorita Wolf, apartamento 7020D. – O rapaz esticou a mão direita tremendo um pouco.

Jessie sorriu pegando o cartão e começou a caminhar seguindo para o elevador. Olhou para direção dele por cima do ombro e falou baixo:

-Não merece gorjeta.

A morena riu se afastando e logo parando no elevador, lentamente foi tirando a jaqueta deixando sua regata branca aparecer. Bocejou por um instante, não tinha notado que estava com tanto sono assim.

Quando o elevador se abriu Jessie tinha tirado sua jaqueta e estava jogando sobre o ombro direito e sorriu para o ascensorista que desceu os olhos para direção dos seios de Jessie. Por alguns segundos ela não se importou, mas logo estalou os dedos na frente dele.

-Certo acabou a diversão, desejo ir para o meu andar agora. –Jessie falou mostrando o cartão para ele. - 7020D, não faço a mínima idéia de onde seja.

A morena deu um belo sorriso. Logo o ascensorista afirmou com a cabeça.

-Sim senhora e suas malas?

-Vai chegar mais tarde lindinho, agora, por favor.

O rapaz afirmou com a cabeça apertando o andar de Jessie que se acomodou no fundo do elevador. A garota ficou contando os segundos enquanto o rapaz observava seu corpo. A morena nem se importou e quando o elevador se abriu ela saiu rebolando lentamente só para deleite do rapaz.

Caminhou até a porta e passou o cartão, ouviu a porta se destrancar e entrou trancando a porta e colocando o cartão no seu lugar, olhou para o quarto bem mobilhado e decorado, fez uma careta jogando a jaqueta sobre um sofá e caminhou para a direção do banheiro abrindo a calça.

Seus olhos azuis percorreram o lugar por alguns instantes e parou sobre a banheira, pode ver aquela grande monstruosidade branca, cheia de tubos para os jatos de água, seu lábio tremeu num misto de raiva, ódio e pânico.

-MALDITO HOTEL!

Acabou falando alto e chutou o ar indo para direção da cama se jogando nela, sentiu o colchão macio a abraçar e suspirou tentando se controlar, seu desejo naquele momento era descer e quebrar a cara do gerente por ter aquilo, mas não iria caçar confusão naquele momento. Levantou-se tirando a roupa e entrou no chuveiro tomando uma ducha. Quando se sentiu limpa se enrolou na toalha e foi para a cama. Não pensou em nada a não ser dormir um pouco.

Jessie despertou com o calor do sol no rosto, piscou algumas vezes até que não agüentou mais a sensação e abriu os olhos sentando-se na cama e olhando em volta. Coçou o olho direito e logo suspirou, mas seu corpo invés de ficar relaxado ficou tenso, seus olhos podem constatar o que sua mente já sabia, não estava, mais no hotel.

Lentamente Jessie levantou-se passando a mão sobre o corpo, notou a camisola, torceu o nariz e continuou a caminhar quieta pelo quarto, prendeu a respiração quando ouviu algumas vozes, mas não se sentia ameaçada. Logo caminhou mais rápido com o coração batendo forte.

Seus olhos azuis brilharam quando viram na sala de estar um loiro em pé de costas para ela ao lado de um moreno. Os dois estavam atentos a algo no meio da sala. Jessie não se importou e correu pulando sobre os dois.

-Ah, céus quanto tempo... –A voz era meio chorosa.

O loiro virou-se devagar olhando para o rosto dela, mas tinha algo errado, Jessie tinha certeza disto, soltou os dois e olhou para o rosto de Alex e tremeu quando aqueles olhos vermelhos a olharam. Metade do seu rosto estava queimada, vários tiros no corpo. Ele olhou-a nos olhos e levantou o braço esquerdo com uma submetralhadora e começou a atirar nela.

O moreno gargalhou e virou-se para Jessie, estava com uma faca no peito, pescoço cortado e movia os lábios tentando falar alguma coisa. Em suas mãos uma 9 mm que apontava para direção da barriga dela onde descarregou a arma em segundos.

Assustada demais para fazer alguma coisa, Jessie de alguns passos para trás acertando as costas na parede, as balas a machucavam e queimavam sua pele, mas parecia que não a matavam como parecia que queriam.

- Parem, não façam isso... Parem! – Gritou o mais alto que pode. – Não podem fazer isso, PAREM! – A voz tinha pânico e dor. –Mãe!

As balas pararam no ar, uma garota magra com cabelos negros até os ombros meio bagunçados, descansas com manchas de sangue nos pés e nas mãos usando um vestido vermelho caminhou até ela. Suas mãos se levantaram e tocaram seu rosto devagar com uma voz assustadoramente fria falou.

- Não deixe isso acontecer, você precisa deles, você precisa de todos eles, tem que buscá-los antes que os achem, são meus filhos, mas vocês são os primeiros. Jessica, eu preciso de vocês... Eu preciso de você!

A voz dela sumiu, mas o pânico das balas não. Tudo ficou escuro novamente e Jessie abriu os olhos sentindo o frio do quarto, estava somente com a toalha enrolada nos cabelos, mas a sensação na pele de balas atingindo ainda estava latente.

Jessie sentou-se na cama e passou a mão na nuca e jogou a cabeça para trás, quando ouviu um barulho estranho, virou o rosto para direção da janela e pode ver algumas sombras vindas em sua direção, seus olhos azuis ficaram brancos assim como seu rosto. Tremeu os lábios e com o coração batendo rápido correu para a porta, bateu algumas vezes nela até que conseguiu abrir e saiu para o corredor no exato momento em que as sombras invadiram seu apartamento.

Homens com armas nas mãos apontaram para ela e sem pensar em nada começaram a atirar. Jessie virou-se para a direção do elevador e deu de cara com Dean, mas antes que pudesse falar algo, varias balas acertaram seu corpo, porem Jessie somente protegeu a barriga. Dos lábios o sangue escorreu, mas Jessie conseguiu falar antes de cair ajoelhada.

-Corre!

sábado, janeiro 28, 2012

Por amor



O dia mal tinha começado e Andrew já podia ouvir do céu o barulho das espadas, seus olhos se encheram de água e sua mão se fechou, respirou profundamente, seu instinto era sair voando para poder chegar a tempo do torneio, mas quando as asas se abriram pode sentir um aperto em seu coração, seus punhos se fecharam assim como seus olhos, uma lagrima escorreu até o queixo e rapidamente caiu no chão. Puxou o ar e olhou para a floresta, pode ver Lizandra correndo para se esconder com lagrimas nos olhos. Moveu a cabeça negando algo e começou a caminhar para direção da casa.

-Vamos! -Sua voz era baixa e cheia de dor.

-Tem certeza? -Enzo estava quieto ainda, seu corpo pálido e uma foice na mão.

-Tenho certeza, se eu a fizer sofrer mais uma vez eu me mato.

Enzo suspirou e começou a caminhar seguindo para direção do quintal. Afastou-se da casa e invocou uma mesa, olhou para o sobrinho e melhor amigo.

-Vamos fazer então...

Enzo pegou a foice e rodou no ar enquanto Andrew com as asas abertas as esticava sobre a mesa, fechou os olhos e firmou com a cabeça. As mãos de Enzo vacilaram, mas antes de virar e sair correndo o demônio desceu a foice cortando as asas. Um líquido dourado espirrou nos dois e sobre a mesa. Naquele mesmo instante começou a chover, como se o céu estivesse lavando o sacrilégio que tinham feito. Andrew segurou o grito de dor, mas o corpo foi deslizando ate o chão.

Largando a foice que sumiu antes de tocar no chão, Enzo caiu ajoelhado ao lado do sobrinho e fez um pequeno carinho nos cabelos dele. Andrew chorou um pouco, de dor, de agonia, mas sabia que tinha feito o certo. Enzo de um sorriso torto.

-Vamos dar um jeito.

Andrew não falou nada, somente se levantou e começou a caminhar para a floresta. Enzo se levantou indo atrás dele, mas o menino loiro somente levantou a mão indicando para ele se afastar. Demônio abaixou a cabeça e se virou indo para a casa enquanto o anjo se escondia para curar suas feridas.