Jessie estava quieta, pela primeira vez na vida um conhecido iria vê-la como muita gente gostaria. Sentia-se estranha então passou novamente a mão no vestido branco. Olhou para baixo para poder conferir e suspirou passando a mão nos cabelos lisos. Em sua mente vagava ameaças a todos que zoassem ela por causa do vestido.
Mexeu o pé direito e pode ver o sapato marrom de bico fino e salto mais fino ainda, ainda ficava assustada por saber andar com aquele tipo de sapado. Moveu-se devagar dando alguns passos à frente e parou olhando para os lados. Sentia falta de sua calça e também da moto, ainda não acreditava que iria de carro.
Ficou olhando para o táxi se aproximando, suspirou e passou a mão nos cabelos novamente apertando a bolsa pequena que estava em seus braços. A porta se abriu e logo entrou no carro falando um endereço. Sabia que só uma pessoa podia estar lá, mas iria arriscar.
Não demorou muito e o táxi parou, Jessie tirou o dinheiro da bolsa e entregou para o rapaz, logo olhou para o prédio ao seu lado e suspirou saindo, nem deu tempo para pensar em ir embora, pois o táxi prudentemente partiu.
- Droga!
Falou desanimada e segurando um pedaço da saia do vestido longo começou a caminhar, olhou o tapete vinho escuro, deu de ombro e voltou a caminhar olhando para a porta de vidro fume. Balançou a cabeça e pensou “discreto”.
Assim que passou a porta com os olhos claros pode contar alguns seguranças, na verdade contou seguranças demais. Apertou os dedos da mão direita na bolsa, mas continuou andando imponente.
Passou a primeira porta dupla e pode ver muita gente, algumas em pé caminhando por entre as mesas, outras sentadas em mesas jogando BlackJack e roleta. Jessie parou no topo da escada que dava para o grande salão.
Seus olhos procuravam alguém, percorria por todos os lados quando ficou corada, de costas para ela uma pessoa conhecida. Abaixou de leve o rosto e desceu os degraus rápido parando ao lado de um grande homem de olhos pretos.
- O que foi garota? – O armário ambulante falou.
- Ah, nada não, desculpa estou procurando senhor Wank, sabe onde ele esta?
- Senhor Wank só atende com hora marcada. – Ele falou num tom bravo.
- Bem, eu sei disto... – Pegou um cartão da bolsa e entregou para o homem. – Aqui esta meu salvo conduto!
O homem pegou sem falar mais nada, leu por alguns segundos e olhou para a garota, levantou a sobrancelha e começou a andar por entre as pessoas. Jessie não pensou duas vezes e seguiu o homem.
Não percebeu para onde estava indo até que tropeço em algo e acabou esbarrando em alguém e segurou-se nas costas do armário a sua frente.
- Olha por onde anda! – O armário falou bravo.
O homem que foi esbarrado virou o corpo, Jessie não sabia, mas ele tinha sentido algo estranho quando ela o tocou. Por segundos ficou olhando para as costas dela.
- Jess!? – O rapaz falou meio confuso.
Jessie nem se moveu somente manou a mão indicando que estava bem e foi para frente do armário caminhando um pouco mais rápido, seu coração batia forte, afinal entre tantos lugares para ele ir porque ali.
Dean ficou parado ainda vendo a mulher sumir, ficou olhando procurando com os olhos, mas em sua mente a negação era simples, afinal Jessie nunca usaria um vestido... Levantou-se e esticou o corpo um pouco, mas o grande homem se fez como uma barreira.
A curiosidade tomou conta de Dean que virou o corpo de wisky e caminhou indo atrás dos dois.
O homem guiou Jessie até uma porta onde bateu duas vezes, sem demora a porta foi aberta revelando-se um escritório bem claro, carpete creme com tapete persa sobre ele, uma mesa de mogno escura, telefone, computador, abajur ao lado um conjunto de sofá contendo duas poltronas e um sofá de três lugares, uma mesinha de centro e uma mesa de canto. Do outro lado uma porta e um carrinho com algumas bebidas; na parede varias telas de tv mostrando o movimento do cassino e a entrada.
Jessie parou olhando para os dois ocupantes da sala, um homem atrás da mesa gordo com sua roupa impecável e ao lado da porta um homem que lembrava Alex, mas este era moreno. Respirou fundo e caminhou para dentro da sala sorrindo para o homem gordo atrás da mesa.
- Senhor Wank! – Falou de uma maneira casual.
- Senhorita FireWhell, sabe quanto tempo espero esta visita? – O homem falou movendo a mão, dispensando o grandalhão.
- Sinto muito senhor Wank... E..- antes de falar o homem começou.
- Por favor minha bela, me chame de Willian... Afinal somos ‘parceiros’ não? – Ele mantinha um sorriso que fez um calafrio subir pela coluna de Jessie.
- Ah, claro se... Willian. – Falou sorrindo. – E exatamente por isso que estou aqui! – Pegou um folder da bolsa que estava cuidadosamente dobrado. – Lembra-se?
Jessie colocou o folder aberto sobre a mesa virado para Willian. Era bem simples, um motoqueiro com um capacete estilizado com cara de zumbi, com letras coloridas escrito “Racha das Bruxas!”. O sorriso do rosto de Jessie sumiu.
- Hum, o que tem isso Jessie? – Ele falou curioso.
- Isso é uma coisa muito importante... Afinal se somos sócios – Bateu o dedo sobre a corrida. – Quero minha parte.
Falou olhando para ele, Jessie mantinha um tom bem calmo.
- Sua parte? – Wank riu. – Que parte?
- A parte que eu ganhei a corrida e você pegou o dinheiro todo! – Irritada.
- Ah, disto que você esta falando. – Levantou sorrindo – Jorge, entregue para nossa querida FireWhell o que ela ganhou nesta corrida!
O homem sorriu e aproximou-se de Jessie, moveu a mão dentro do terno e pegou algo, tirou uma nota de cinqüenta e entregou para Jessie rindo, mas não parou por isso, sem que Jessie pudesse ver virou o tapa no rosto dela.
A bofetada a vez girar o corpo, perdendo o equilíbrio e caindo no chão o rosto ardeu e ficou vermelho, do canto dos lábios um filete de sangue escorreu.
- Então, esta bom este pagamento sua vagabunda! – Wank rio alto. – Ou você quer mais?
Jorge sorriu e chutou Jessie que estava tentando se levantar ainda surpresa.
- Filho da puta... – conseguiu falar depois de cair um pouco para trás.
Jorge riu divertido.
- Ela tem uma boca suja chefe! – Olhando para Jessie que se levantava com os olhos meio avermelhados.
- Isso é para a senhorita aprender que o chefe aqui sou eu, quando mandar você vir, não quero que demore, no mesmo instante enfia o rabo entre suas pernas e venha me ver. – Bradou o homem sentando-se no sofá
Jorge foi para cima de Jessie, mas parou no meio do caminho vendo o carrinho de bebidas flutuarem.
- Ch.chefe... – Falou com uma voz tremida.
Willian olhou para direção dele.
- O que foi? – Disse com descaso.
- Ch.chefe... Olha! – Falou alarmado e deu uns passos para trás.
- O que? Fala logo porra! – Willian se virou para Jorge e para a direção que ele mostrava.
Jessie se levantou, o chute que Jorge tinha dado acertou brevemente sua boca fazendo o sangue escorrer, seus olhos avermelhados eram emoldurados por pequenos raios voltaicos que escapavam pelos longos cílios.
Com um pequeno movimento uma pequena bola de raio escapou de seus dedos acertando o carrinho de bebida, que pela energia explodiu começando a pegar fogo.
Willian tremeu olhando assustado, levantou-se correndo para perto de Jorge que seguiu para a porta. Jessie moveu a mão e jogou uma pequena bola de energia sobre ela.
No grande salão Dean tinha se aproximado do homem armário que protegia a porta que dava ao escritório do chefe.
Quando ele ia falar alguma coisa o barulho de algo explodindo pode ser ouvido, o homem ignorou Dean e foi para a porta, mas quando ele tocou a maçaneta todos podem reparar o homem tremer e soltar um grito, nem demorou muito os sprinkler começou a jogar água tentando apagar o incêndio. Gritos de muitas pessoas podem ser ouvidos abafando os gritos assustados que vinham de dentro.
Jorge e Willian pegaram suas armas apontando para Jessie, sem pensar começaram a atirar. Foram varias balas entrando no corpo da garota e a empurrando para trás, o sangue começou a escorrer abundantemente manchando o vestido branco.
O rosto de Jessie abaixou para olhar o corpo e logo olhou para os dois, um sorriso maldoso brotou no rosto dela e apontou as mãos para eles, logo os poucos cacos de vidros voaram na direção deles, assim como pedaços de madeira acertando o corpo dos dois.
Dean sentia o perigo, não sabia bem o que estava acontecendo nem o que era, chutou o corpo do homem grande para desbloquear a porta e logo socou o corpo contra a madeira fazendo-a ceder.
Assim que entrou Jessie caiu no chão ajoelhada, estava toda molhada o sangue escorrendo ainda por um ou dois ferimentos ainda aberto... Os homens presos na parede por madeira, eles ainda gemiam um pouco, mas certamente não sobreviveriam.
Sem pensar muito Dean pegou-a no colo e começou a caminhar para fora, os olhos abaixaram-se nela e falou num tom preocupado.
- Jess... Que aconteceu?
Correu para direção de um carro que tinha alugado e a colocou deitada no banco de trás, passou a mão no rosto dela falando baixo. Jessie estava sem se mover, sua respiração era tão fraca e superficial que Dean socou o volante assustado, não sabendo se ela estava viva ou não.
- Calma Jess... Você vai melhorar, não se preocupa... Eu estou aqui!
Falou entrando no lado do motorista, olhou para trás e ficou observando ela alguns segundos, passou a mão no rosto sem se importar com a roupa molhada e suja de sangue, respirou fundo e olhou para frente, ligou o carro e acelerou indo para direção do Bar.