sábado, novembro 20, 2010

The Manson's


Jessie estava quieta, pela primeira vez na vida um conhecido iria vê-la como muita gente gostaria. Sentia-se estranha então passou novamente a mão no vestido branco. Olhou para baixo para poder conferir e suspirou passando a mão nos cabelos lisos. Em sua mente vagava ameaças a todos que zoassem ela por causa do vestido.

Mexeu o pé direito e pode ver o sapato marrom de bico fino e salto mais fino ainda, ainda ficava assustada por saber andar com aquele tipo de sapado. Moveu-se devagar dando alguns passos à frente e parou olhando para os lados. Sentia falta de sua calça e também da moto, ainda não acreditava que iria de carro.

Ficou olhando para o táxi se aproximando, suspirou e passou a mão nos cabelos novamente apertando a bolsa pequena que estava em seus braços. A porta se abriu e logo entrou no carro falando um endereço. Sabia que só uma pessoa podia estar lá, mas iria arriscar.

Não demorou muito e o táxi parou, Jessie tirou o dinheiro da bolsa e entregou para o rapaz, logo olhou para o prédio ao seu lado e suspirou saindo, nem deu tempo para pensar em ir embora, pois o táxi prudentemente partiu.

- Droga!

Falou desanimada e segurando um pedaço da saia do vestido longo começou a caminhar, olhou o tapete vinho escuro, deu de ombro e voltou a caminhar olhando para a porta de vidro fume. Balançou a cabeça e pensou “discreto”.

Assim que passou a porta com os olhos claros pode contar alguns seguranças, na verdade contou seguranças demais. Apertou os dedos da mão direita na bolsa, mas continuou andando imponente.

Passou a primeira porta dupla e pode ver muita gente, algumas em pé caminhando por entre as mesas, outras sentadas em mesas jogando BlackJack e roleta. Jessie parou no topo da escada que dava para o grande salão.

Seus olhos procuravam alguém, percorria por todos os lados quando ficou corada, de costas para ela uma pessoa conhecida. Abaixou de leve o rosto e desceu os degraus rápido parando ao lado de um grande homem de olhos pretos.

- O que foi garota? – O armário ambulante falou.

- Ah, nada não, desculpa estou procurando senhor Wank, sabe onde ele esta?

- Senhor Wank só atende com hora marcada. – Ele falou num tom bravo.

- Bem, eu sei disto... – Pegou um cartão da bolsa e entregou para o homem. – Aqui esta meu salvo conduto!

O homem pegou sem falar mais nada, leu por alguns segundos e olhou para a garota, levantou a sobrancelha e começou a andar por entre as pessoas. Jessie não pensou duas vezes e seguiu o homem.

Não percebeu para onde estava indo até que tropeço em algo e acabou esbarrando em alguém e segurou-se nas costas do armário a sua frente.

- Olha por onde anda! – O armário falou bravo.

O homem que foi esbarrado virou o corpo, Jessie não sabia, mas ele tinha sentido algo estranho quando ela o tocou. Por segundos ficou olhando para as costas dela.

- Jess!? – O rapaz falou meio confuso.

Jessie nem se moveu somente manou a mão indicando que estava bem e foi para frente do armário caminhando um pouco mais rápido, seu coração batia forte, afinal entre tantos lugares para ele ir porque ali.

Dean ficou parado ainda vendo a mulher sumir, ficou olhando procurando com os olhos, mas em sua mente a negação era simples, afinal Jessie nunca usaria um vestido... Levantou-se e esticou o corpo um pouco, mas o grande homem se fez como uma barreira.

A curiosidade tomou conta de Dean que virou o corpo de wisky e caminhou indo atrás dos dois.

O homem guiou Jessie até uma porta onde bateu duas vezes, sem demora a porta foi aberta revelando-se um escritório bem claro, carpete creme com tapete persa sobre ele, uma mesa de mogno escura, telefone, computador, abajur ao lado um conjunto de sofá contendo duas poltronas e um sofá de três lugares, uma mesinha de centro e uma mesa de canto. Do outro lado uma porta e um carrinho com algumas bebidas; na parede varias telas de tv mostrando o movimento do cassino e a entrada.

Jessie parou olhando para os dois ocupantes da sala, um homem atrás da mesa gordo com sua roupa impecável e ao lado da porta um homem que lembrava Alex, mas este era moreno. Respirou fundo e caminhou para dentro da sala sorrindo para o homem gordo atrás da mesa.

- Senhor Wank! – Falou de uma maneira casual.

- Senhorita FireWhell, sabe quanto tempo espero esta visita? – O homem falou movendo a mão, dispensando o grandalhão.

- Sinto muito senhor Wank... E..- antes de falar o homem começou.

- Por favor minha bela, me chame de Willian... Afinal somos ‘parceiros’ não? – Ele mantinha um sorriso que fez um calafrio subir pela coluna de Jessie.

- Ah, claro se... Willian. – Falou sorrindo. – E exatamente por isso que estou aqui! – Pegou um folder da bolsa que estava cuidadosamente dobrado. – Lembra-se?

Jessie colocou o folder aberto sobre a mesa virado para Willian. Era bem simples, um motoqueiro com um capacete estilizado com cara de zumbi, com letras coloridas escrito “Racha das Bruxas!”. O sorriso do rosto de Jessie sumiu.

- Hum, o que tem isso Jessie? – Ele falou curioso.

- Isso é uma coisa muito importante... Afinal se somos sócios – Bateu o dedo sobre a corrida. – Quero minha parte.

Falou olhando para ele, Jessie mantinha um tom bem calmo.

- Sua parte? – Wank riu. – Que parte?

- A parte que eu ganhei a corrida e você pegou o dinheiro todo! – Irritada.

- Ah, disto que você esta falando. – Levantou sorrindo – Jorge, entregue para nossa querida FireWhell o que ela ganhou nesta corrida!

O homem sorriu e aproximou-se de Jessie, moveu a mão dentro do terno e pegou algo, tirou uma nota de cinqüenta e entregou para Jessie rindo, mas não parou por isso, sem que Jessie pudesse ver virou o tapa no rosto dela.

A bofetada a vez girar o corpo, perdendo o equilíbrio e caindo no chão o rosto ardeu e ficou vermelho, do canto dos lábios um filete de sangue escorreu.

- Então, esta bom este pagamento sua vagabunda! – Wank rio alto. – Ou você quer mais?

Jorge sorriu e chutou Jessie que estava tentando se levantar ainda surpresa.

- Filho da puta... – conseguiu falar depois de cair um pouco para trás.

Jorge riu divertido.

- Ela tem uma boca suja chefe! – Olhando para Jessie que se levantava com os olhos meio avermelhados.

- Isso é para a senhorita aprender que o chefe aqui sou eu, quando mandar você vir, não quero que demore, no mesmo instante enfia o rabo entre suas pernas e venha me ver. – Bradou o homem sentando-se no sofá

Jorge foi para cima de Jessie, mas parou no meio do caminho vendo o carrinho de bebidas flutuarem.

- Ch.chefe... – Falou com uma voz tremida.

Willian olhou para direção dele.

- O que foi? – Disse com descaso.

- Ch.chefe... Olha! – Falou alarmado e deu uns passos para trás.

- O que? Fala logo porra! – Willian se virou para Jorge e para a direção que ele mostrava.

Jessie se levantou, o chute que Jorge tinha dado acertou brevemente sua boca fazendo o sangue escorrer, seus olhos avermelhados eram emoldurados por pequenos raios voltaicos que escapavam pelos longos cílios.

Com um pequeno movimento uma pequena bola de raio escapou de seus dedos acertando o carrinho de bebida, que pela energia explodiu começando a pegar fogo.

Willian tremeu olhando assustado, levantou-se correndo para perto de Jorge que seguiu para a porta. Jessie moveu a mão e jogou uma pequena bola de energia sobre ela.

No grande salão Dean tinha se aproximado do homem armário que protegia a porta que dava ao escritório do chefe.

Quando ele ia falar alguma coisa o barulho de algo explodindo pode ser ouvido, o homem ignorou Dean e foi para a porta, mas quando ele tocou a maçaneta todos podem reparar o homem tremer e soltar um grito, nem demorou muito os sprinkler começou a jogar água tentando apagar o incêndio. Gritos de muitas pessoas podem ser ouvidos abafando os gritos assustados que vinham de dentro.

Jorge e Willian pegaram suas armas apontando para Jessie, sem pensar começaram a atirar. Foram varias balas entrando no corpo da garota e a empurrando para trás, o sangue começou a escorrer abundantemente manchando o vestido branco.

O rosto de Jessie abaixou para olhar o corpo e logo olhou para os dois, um sorriso maldoso brotou no rosto dela e apontou as mãos para eles, logo os poucos cacos de vidros voaram na direção deles, assim como pedaços de madeira acertando o corpo dos dois.

Dean sentia o perigo, não sabia bem o que estava acontecendo nem o que era, chutou o corpo do homem grande para desbloquear a porta e logo socou o corpo contra a madeira fazendo-a ceder.

Assim que entrou Jessie caiu no chão ajoelhada, estava toda molhada o sangue escorrendo ainda por um ou dois ferimentos ainda aberto... Os homens presos na parede por madeira, eles ainda gemiam um pouco, mas certamente não sobreviveriam.

Sem pensar muito Dean pegou-a no colo e começou a caminhar para fora, os olhos abaixaram-se nela e falou num tom preocupado.

- Jess... Que aconteceu?

Correu para direção de um carro que tinha alugado e a colocou deitada no banco de trás, passou a mão no rosto dela falando baixo. Jessie estava sem se mover, sua respiração era tão fraca e superficial que Dean socou o volante assustado, não sabendo se ela estava viva ou não.

- Calma Jess... Você vai melhorar, não se preocupa... Eu estou aqui!

Falou entrando no lado do motorista, olhou para trás e ficou observando ela alguns segundos, passou a mão no rosto sem se importar com a roupa molhada e suja de sangue, respirou fundo e olhou para frente, ligou o carro e acelerou indo para direção do Bar.

sábado, novembro 13, 2010

Inverno Revelador

A escuridão ocultou adequadamente o corpo de Joseph, sempre fora assim e gostava disto. Não estava respirando, afinal não precisava disto. Parou olhando para o ateliê e logo se voltou para a porta.

Os sons das batidas do coração lhe chamavam a atenção, rápido e forte, porém assustados. Isso aguçou sua sede. Pareceu que a boca se encheu de água então ficou olhando para a porta.

Joseph não conseguiu descrever a perfeição que estava entrando. Cabelos claros emoldurando o rosto perfeito. Certamente aquela mulher foi esculpida pelos anjos, este foi o único pensamento que Joseph conseguiu ter.

Seus olhos percorreram o corpo da mulher, mesmo escondido atrás do moletom marrom da calça rosa e meias brancas, cada centímetro que via fazia com que sua boca se enchesse de água. Por segundos pensou em ir abraça-lá, mas o terror que via em seus olhos o aconselhou a ficar quieto observando.

Sorria com a valentia da mulher, enfrentar dois bandidos somente com, fixou os olhos na mão dela e quase gargalhou, nas mãos dela uma pequena estatueta.

Brilhante, com facas na cozinha e vários instrumentos cortantes para esculturas você quer enfrentá-los com uma estatueta!?

Balançou a cabeça negando alguma coisa quando percebeu que Clare abaixou, ficou intrigado e passou a observar o chão. Respirou fracamente, mas o bastante para poder sentir o cheiro ocre no ar, fechou a cara e fitou o armário, torcendo para que ela não tocasse nele, mais foi isso que as mãos delicadas fizeram.

A cabeça rolou e o pânico instalou-se por completo em Clare. Joseph somente a viu sem força tomar na porta do armário e logo escorregar, mas antes mesmo dela atingir o chão a mão a puxou contra o corpo.

Ela estava sem vida devido ao choque, moveu a cabeça até o peito e pode sentir as batidas leves do coração. Deu um pequeno sorriso e sem fazer muita força a pegou no colo e começou a caminhar seguindo para casa, observando cada centímetro dela.

Parou na frente da escada com Clare desmaiada nos braços, subiu a mão até sua face e acariciou devagar ajeitando uma mexa de seu lindo e sedoso cabelo para trás da orelha e sorriu pousando os lábios na bochecha, nem chegou a encostar, sentiu o aroma que vinha da pele dela.

Joseph sabia que era este o aroma que tinha perseguido a eternidade. Com passos calmos subiu as escadas sendo guiado pelo cheiro, iria para o lugar onde tinha a maior quantidade do cheiro.

Abriu a porta e viu pode visualizar o quarto. A cada segundo Clare o encantava mais, sua arte, sua casa, seu corpo. Joseph abaixou a cabeça e pode ver o moletom, torceu o nariz com desgosto, afinal ela deveria ser coberta por seda.

Entrou no quarto e colocou-a deitada sobre a cama, moveu a mão tirando as meias e com os dedos hábeis tirou a calça rosa agora apreciando as curvas das pernas. Não chegou a tocar em sua pele, mas percorreu seu comprimento dos pés até o começo do blusão. Delicadamente tirou a blusa e observou-a somente de roupas de baixo.

-Bela e valente, como seu cheiro.

Clare ainda não tinha despertado do desmaio, isso facilitaria as coisas, pegou uma toalha e limpou seus pés, secando eles, subiu pegando sua mão e lambendo de leve o sangue no dedo, as presas saltaram desejando cravar-se naquela pele rosada.

Lambeu os lábios e logo se pos de pé, pegando o celular e falando num tom baixo aproximando-se da janela deixando Clare deitada.

-Natasha, pegue Pierre e Luccas e faça uma limpeza, tire todo o vestígio de sangue, troque um vidro e de fim nos corpos, não quero que saibam o que aconteceu!

Do outro lado da linha Natasha ficou dura, seu coração batia tão forte que Joseph conseguia ouvir pelo celular.

-Não se preocupe minha querida, estou bem, não aconteceu nada comigo, só faça o que mandei... ...E Natasha, seja discreta e sem barulho, ainda existem mortais no local...

Joseph confiava na competência dela então desligou e voltou-se para a cama, sorriu para a beleza semi nua deitada na cama. Deu um passo para poder observa-lá melhor. Cada passada de olhos sobre o corpo fazia seu coração a muito parado pulsar.

Será que esta com frio?

Caminhou pegando a coberta e a cobrindo, não gostou muito desta solução mais fez isso. As luzes ainda desligadas o quarto era somente iluminado pelo brilho do fogo na lareira.

Deixou-a adormecida, somente observando-a cada segundo que passava.

Os segundos passavam quase como um milênio e Joseph aproximou-se da cama novamente inclinando o corpo para direção dela, olhou em seus olhos e maneou a cabeça como se estivesse confirmando algo.

Qual seu gosto?

Ao pensar isso desceu os lábios sobre os dela bem de leve, um suave selinho e logo se levantou esperando-a acordar. Às vezes costumava fazer isso ficar observando as pessoas.

Chamou as sombras novamente ficando oculto para os olhos mortais. Somente o suave perfume dele podia ser sentido no quarto.

sábado, novembro 06, 2010

Inverno Revelador

Inverno... Frio, escuro e solitário. Estas eram as palavras para definir a estação e até mesmo o coração de Joseph.

Após um dia muito frio e cheio de neve e o tédio consumindo a mente dele, não aguentou mais nenhum segundo dentro da grande mansão.

Levantou-se da poltrona central e começou a caminhar.No mesmo instante Natasha se colocou ao lado da porta, estava com seu casaco roxo nas mãos e um casaco chumbo na outra, seu sorriso era grande e esperançoso.

Os olhos verdes de Joseph pararam nela por alguns segundos. Fechou os olhos e balançou a cabeça falando num tom baixo:

- Desista! Vou sozinho!

O sorriso de Natasha sumiu.O coração se apertou e segurou forte o casaco roxo nas mãos.

- S-senhor? Não é muito arriscado ir sozinho?

Abriu os olhos e fixou nos olhos dela. Tão bela, os cabelos vermelhos, os lábios grossos e a pele clara. Por um segundo Joseph ficou tentado a não sair e ficar, procurar consolo nos braços da mulher ruiva que estava tão disposta a dar a atenção necessária, mas não era isso que queria, precisava procurar algo que fizesse o inverno do seu coração sumir.

- Já falei, vou sozinho!

Natasha afirmou com a cabeça e moveu o casaco chumbo colocando sobre a camisa vermelha e a calça social preta.

- Esta bem senhor, estarei aqui se precisar!

Joseph só afirmou com a cabeça e começou a sair, abriu a porta principal e visualizou o jardim todo branco. Ficou olhando para a neve por alguns instantes e começou a caminhar.

Não tinha nada em mente só caminhar um pouco pela cidade, inconsciente de sua busca. Não sentia frio como todos, mas não iria demonstrar isso, então estava meio encolhido entre seu casaco pesado de inverno. Os olhos verdes percorriam as ruas observando cada pessoa que passava.

Seus sentidos aguçados facilitavam muito sua vida. Caminhou quieto sem demonstrar muito ânimo, como a maioria das pessoas.

Sentiu um pouco de fome, mas nada que pudesse atrapalhar seu auto-controle, seguia devagar quieto com as mãos no bolso, mas algo chamou sua atenção. Virou o rosto para a direção de um beco quando ouviu o rapaz falando para o outro:

- Vai ser fácil mano, só entrar e pegar as coisas, a mulher tem grana e mora sozinha, passa mais tempo fora do que dentro.

- Tem certeza?

- Tenho sim, mas a gente leva o berro só pra não ter problema!

O homem afirmou com a cabeça e os dois saíram do beco seguindo para direção.

Joseph lambeu os lábios e começou a caminhar, não era o que procurava, mais alguma emoção em sua vida agora teria.

Seguiu os homens de longe, não tinha que ficar colado, os olhos sempre atentos a todos os movimentos.

Os dois cochichavam falando sobre o que pegar na casa, Joseph sentiu um enjoo, eles iriam roubar uma artista, como eles pensaram que sairiam impune disto, Joseph deu um sorriso, a polícia não precisava achá-los, pois logo iriam achar a punição certa em seus braços.

Os homens pararam na frente de uma casa, ficaram olhando por alguns segundos quando pularam o muro e começaram a correr silenciosamente para a janela lateral. Com um pequeno sorriso, Joseph tomou impulso e pulou para dentro do quintal, olhando em volta e escondendo-se na sombra, observou os dois quebrando a janela.

Os olhos verdes dele percorreram a casa e viu em uma janela na parte de cima um movimento, balançou a cabeça negando os dois ladrões que acabara de entrar.

- Amadores!

Falou baixo e num segundo estava parado ao lado da janela que agora estava arruinada, em um movimento Joseph já estava dentro, moveu o casaco fazendo alguns flocos de neve cair no chão, moveu a cabeça observando o interior, era aconchegante. Sorrindo , respirou fundo e sentiu algo estranho, aquela casa tinha um cheiro diferente de tudo que ele já sentiu. Um cheiro que atiçou seu lado a muito adormecido, sentiu seu corpo despertar.

Ficou assustado por alguns segundos, mas balançou a cabeça ignorando isso e começou a caminhar. Não seguia mais em busca de emoção e sim em preservação, queria proteger quem tinha aquele cheiro.

Seus olhos do verde esmeralda foram para um vermelho sangue, as garras apareceram e as presas saltaram para fora, não sabia bem porque isso, mais iria proteger a qualquer custo.

- Por aqui mano!

Joseph pode ouvir os movimentos deles e rosnou baixo seguindo para direção dos dois. De longe pode vê-los pegando uma escultura, era linda, sua perfeição tomou alguns segundos de sua atenção, mas balançou a cabeça se focando no que tinha que fazer.

Os olhos brilharam e quando colocaram o saco no chão para poder pegar outra escultura. Joseph pulou sobre o rapaz, as garras foram cravadas nos ombros e as presas foram violentamente para o pescoço dele sugando-o, por segundos um quase grito saiu, mas a mordida fez com que o rapaz engasgasse e acabou soltando um gemido.

Quando o outro olhou para seu colega paralisou-se. Os olhos de Joseph o hipnotizou. Não conseguia piscar, apesar da cena aterrorizante ele ficou cheio de desejo.

Deixou o corpo sem vida do primeiro cair no chão, num segundo já estava sobre o outro, as garras afundaram-se na cabeça do rapaz e com uma força desumana Joseph girou a cabeça ouvindo somente um barulho seco de osso se partindo, o corpo agora sem vida caiu no chão.

Joseph sorriu por alguns segundos lambendo os lábios, quando ouviu o barulho de passos, imediatamente pensou. “Será que ouviram?” moveu-se rápido pegando os corpos e enfiando dentro de um armário, logo iria tirá-los dali.

Voltou sua atenção para a sala, vendo a sacola no chão com a escultura arrumou-a no lugar certo e correu para as sombras se escondendo. Não precisava respirar e sua habilidade em ofuscar-se o ocultou perfeitamente de olhos não treinado.

sexta-feira, agosto 06, 2010

Memórias – Capitulo I

Eu estava em um cubículo, só podia ser isso. Dois por dois e apesar de ser pequeno este pequeno espaço estava me deixando louca. Poucos passos e parede, mais alguns e outra parede.

Naquele momento só queria as flores da Itália.

- Flores... Belas flores! – Minha voz parecia ecoar e bater nas paredes.

Neste tempo que passei andando de um lado para o outro, as imagens da Itália não saia da minha mente.

Fechei os olhos para rever as cenas, era como assistir um filme. Tudo me chamava a atenção agora. A voz da criança chamando o pai e a mãe, o cão latindo do outro lado.

Respirei fundo e pude sentir o odor das flores, sorri.

- Às vezes é bom ser uma androi... – Mas antes de terminar a porta se abriu e fiquei em silêncio.

Os passos certos denunciaram ser um soldado, mas tinha outra pessoa junto. Parei em posição de alerta.

- E bom ser o quê And 004alfa? – a voz de outra mulher ecoou pelo cubículo.

- Quem é você? – Ainda estava parada.

- Sou a doutora Isabella GreenWood sua médica. – Ela falava firme e calma.

- Minha médica, nunca precisei de uma médica, porque agora? – Estava cética para com esta médica.

- As coisas mudam And 004alfa. – Ela riu.

- Pare de me chamar assim... – Isso me irritava.

- E como você quer que ela lhe chame? – Quem falou foi o soldado.

Virei meu rosto para direção dele e cruzei meus braços. Minha mente vagava por uma grande lista de nome, todos bonitos. Me deparei com um que foi bem agradável usar.

- Irina Yastra. – Minha voz era decidida.

Pude ver o soldado levantar a sobrancelha meio confusa, mas Isabella só sorriu.

- bom nome... Irina Yastra, russa de família rica criada em um internato saiu de lá para assumir os negócios, dos pais, seduzir e matar o único sócio da industrias Yastras para trazer todas as ações para a corporação, já que ele não estava cooperando. Sedutora, ingênua, frágil e letal. – Ela falou sem olhar em nada.

- Vejo que pelo menos alguém faz suas lições. – Ri olhando para o soldado.

Seu rosto ficou vermelho e segurou uma caixinha preta, pude ver que ele estava louco para apertar. Mesmo no escuro eu conseguia ver claramente seus objetos e ações. Vi Isabella levar a mão esquerda sobre a dele e pegar a caixa.

- Pode ir senhor Grant. – Ela falou segura.

- Mas... Tem certeza. – O soldado estava incrédulo.

- Sim, tenho certeza, pode ir! – Realmente ela me surpreendia com sua voz segura. – Agora... Irina... somos ó nos duas. – Ela se mantinha parada.

O soldado saiu batendo o pé, certamente irritado, não resisti e abri um sorriso dando um aceno para ele, mas voltei rapidamente para Isabella.

- O que você quer? – olhei curiosa.

- Uns exames... Uns upgread entre outras coisas. Você é única and004alfa! – Ela mantinha a calma ao falar.

- Bem, para mantermos qualquer diálogo, você devera me chamar de Irina. – Minha voz era decidida.

- Está bem! Irina, agora me responda... É bom ser o quê? – Ela estava curiosa.

- É bom ser um andróide. – Falei dando de ombro.

- Então você gosta? – Ela pegou uma prancheta.

- Sim, como não gostar do que sou? – Ri.

- Ótimo quer caminhar? – Ela apontou para a porta.

- Claro, vamos. Segui passando pela porta.

Olhei para ela para ser se era brincadeira, mas ela seguiu pela porta e sorriu.

Feliz por sair do cubículo segui ela. Passei pela porta e quase pulei de felicidade, mas tinha que me portar.

Vi que estava de tarde, pois pude ficar olhando para a janela enquanto caminhava ao lado dela.

- Quer ir tomar sol? – Isabella parecia ler minha mente.

- Posso? Quer dizer... Eu adoraria. – Falei me sentindo uma criança.

- Claro, vamos tomar sol, e lá você me responder algumas coisas. Tudo bem? – Agora ela falou, mas autoritária.

Agora sim ela estava colocando as garras de fora, mas sorri para ela.

- Sim, respondo sim. – Após falar, segui para a porta de saída.

Conhecia bem aqueles corredores mesmo que não passasse por eles. Tinha a planta do lugar na minha mente ou menos no meu HD.

Quando abri a porta, senti o sol aquecer meu corpo, isso era bom, afinal, minhas energias estavam diminuindo por falta de sol e alimentos.

Isabella parecia não se importar que minhas células tirassem energia do sol, ela estava tão confiante.

- Então o que lembrava? – Ela perguntou do nada no meio do caminho.

- Lembrei de Gabriela Del Passo, uma espanhola que vivia na Itália. – Falei desinteressada, afinal eram sós lembranças.

- Algum homem em especial? – A voz era casual.

- Como? – Olhei surpresa e ela riu.

- Só uma curiosidade. Teve algum homem que lhe chamou atenção? – Ela sorriu.

Parei de andar e olhei para ela. Fiquei quieta pensando logo uma imagem veio a minha mente. 1,90 de altura, corpo musculoso olhos escuros, pele bronzeada. Senti meu corpo despertar. Balancei a cabeça e falei sem pensar direito.

- Enzo Tricalli. – Minha voz foi diferente.

- Enzo, bem... O segurança, ele é bonito, gostaria de ter ficado com ele? – Seu tom era especulativo, sorri para ela.

- Mas eu fiquei, como acha que consegui entrar na casa do algo. – Minha mente encheu de lembranças de Enzo. – Um pouco de vinho e um corpo quente roçando abrem todas as portas. – Eu sorri para ela.

Isabella pegou um pequeno escaner e passou na minha direção. Levantei uma sobrancelha.

- Acho que foi mais que isso, sentiu algo a mais por este Enzo? – Isabella sorriu.

Ainda olhando para ela fiquei séria, como mais que isso.

- Foi só isso, um meio para concluir uma missão. – Fui mais rude do que queria ser.

Isabella sorriu.

- Calma, sabe... Estou pensando em você aqui presa sozinha... Que tal sair e se socializar com outras pessoas? – Ela sorriu.

Fiquei parada pensando no que ela queria de verdade. Mas sair assim era bom de mais.

- O quê você quer em troca? – Perguntei séria.

- Só quero alguns exames sempre que você sair, alguns relatórios sem omissão... – Ela se mostrou séria também. – Temos um acordo?

Parei olhando para ela. Ainda séria, mas poder sair era maravilhoso.

- Certo. Todos os dias que sair terá exames e relatórios.

Isabella sorriu e digitou algo no seu Pda.

- Está livre, pode ir quando quiser a vamos mudá-la para um quarto novo para poder ser acostumar aos humanos. – Isabella parecia feliz.

Afirmei com a cabeça e comecei a andar pelo jardim. Depois de alguns passos olhei para ela.

- Vou ganhar roupas também? – Curiosa, sorri para ela.

Isabella pensou e só afirmou com a cabeça. Estava tudo perfeito, mas ainda queria descobrir o porquê de tudo isso.

Saindo do jardim, fomos para o prédio. Segui para meu cubículo, mas Isabella segurou meu braço e apontou para direção do setor médico. Torci o nariz e fui com ela.

Eram muitos exames, sangue, aeróbico e outros que não me interessava.

A maioria, meu próprio sangue, já respondia os nanobolts eram precisos. Mas, me abrismei quando Isabella me deu uma camisola.

- Troque-se e coloquei as pernas nos apoios. – me aprontou a maca ginecológica.

- Para quê? – Falei trocando a roupa e deitando.

- Exames 004Alfa! – Falou séria.

Não perguntei mais nada. Senti o exame. Era desconfortável. Tudo naquele dia estava estranho. Após algumas horas acabei sendo liberada. Isabella entregou um mapa indicando meu novo quarto.

Segui sozinha para o novo quarto. Era simples a decoração oriental me fazia sorrir. Uma cama, armário embutido, uma penteadeira. Fui para a cama e me joguei nela.

Minha mente processava ainda os acontecimentos. Fiquei horas deitada pensando, mas a resposta não vinha.

Isabella abriu a porta. Ela estava com uma bandeja nas mãos. Sorriu e me deu a comida. Falamos sobre muitas coisas, desde missão passada, até moda. Como ela o tempo passava rápido e nem percebi que os minutos viraram horas, as horas dias e dias as semanas.

Numa tarde enquanto eu treinava com as espadas, Isabella entrou com um papel na mão.

-Adivinha o que tenho aqui. – abanou o papel.

- Há?! Um convite. – Falei após ler o conteúdo.

- Droga. Odeio isso. – Ela riu. – É para você. Uma festa importante. Vai muita gente, quem saber o Enzo não esteja por lá.

Quando ouvi o nome, meu corpo não me obedeceu e sentiu uma lâmina passar quase arrancando meu pescoço. Isabella ficou parada e esticou o convite. Não pensei duas vezes e peguei.

- E aqui? – Olhei para ela.

- Sim, já ajeitei tudo. Divirta-se. – Ela riu e saiu da sala.

Larguei o treino e fui para o quarto. Tomei um banho longo e me arrumei. Trajei-me com um lindo vestido roxo que deixava todas as curvas do corpo em evidência.

Duas horas depois, saí do complexo com uma Ferrari. Velocidade me agradava.

Chegando na festa, entreguei o convite e fui para dentro. Meus escaner procuravam Enzo, mas logo parou sobre um homem. Ele era bonito, alto, forte, fez minhas pernas tremerem.

Fiquei de longe observando ele, até sentir um par de mãos em minha cintura. Olhei para trás e vi Enzo. Sorri e beijei seu rosto. Acabei falando com ele por horas. Era fácil falar com ele.

Mesmo estando com Enzo e suas mãos me tocando, minha cabeça estava no homem que tinha visto ao chegar.

No decorrer da noite, acabei me afastando dele e saindo sem terminar a festa, afinal o homem que queria tinha sumido.

Fui para o complexo já parando no setor medico. Isabella entrou em seguida.

- Como foi? Encontrou Enzo? – Ela tava curiosa.

- Sim, conversamos e mais nada. – Estiquei para ela um pequeno drive e ela sorriu.

- Não ficou com ele? Por quê? – Falou tirando sangue.

- Achei outra vitima. – Nem sei por que falei isso e ri.

Isabella ficou séria, mas logo sorriu terminou os exames e me liberou.

Fui para o quarto pensando no rapaz. Até sonhei com ele, sim algo estranho sonhar.

Isabella entrou no meu quarto com uma pasta. Estava deitada na cama lendo. Ela chegou falando.

- Uma missão para você... É fácil, mas você vai para outro país. – Ela jogou os documentos sobre mim.

Movi a mão e senti as informações invadirem meu cérebro. Afirmei com a cabeça e fui me arrumar. Isabella ficou parada querendo falar algo, mas ficou quieta e logo saiu.

Peguei os documentos e sai, estaria em alguns segundos na cidade. Não tinha me preparar muito.

Chegando na cidade fui para o complexo do alvo. Eles a denominavam “A torre”.

Fiquei alguns instantes observando o lugar, apesar de segurança iria ser fácil entrar.

Ajeitei-me e fui pra o portão. Sorri para o segurança que logo abriu o portão. Ele ainda foi educado e prestativo me falando onde era o elevador.

Muita gente no elevador, mas senti um aroma, uma presença. Olhei em volta e vi o mesmo homem da festa. Abaixei o rosto e fiquei olhando para ele de rabo de olho.

Assim que saímos ele falou sério para mim.

- Quem é você? – Sua voz era firme.

- Sou Isabella Tokido, secretária, me mandaram para cá. – Usei uma voz suave.

- Te mandaram para cá? Bem, esta bem. Venha, vai escrever a ata de hoje. – Ele falou e começou a seguir.

Fiquei parada, precisava entrar no computador para pegar os arquivos e ele agora ia me dar acesso ao que queria. Sorri e segui.

A reunião começou normal. Os homens falavam sobre números e o que ele deveria fazer, Já ele, falava sobre o que queria e eu invadia o computador central.

Enquanto eu digitava ele falava mais alto, ate que se virou para mim depois de expulsar todos e fechou o note.

- O que pensa que está fazendo? – Gritou me olhando.

- O que o senhor mandou!

- Está brincando, garota? Nunca te vi por aqui e fala que é minha secretária? Quem te mandou aqui? – Seus olhos em cima de mim. Devo confessar que fiquei inclinada a pular nele.

- Marta da RH me mandou aqui para substituir a Ângela.

- porque não me... Ah, vai embora, suma da minha frente, se te pegar mexendo em algo... – ele nem falou mais pareceu grunhir de raiva.

Desconectei-me e saí da sala do escritório. Já estava com a planta, só precisava ir para o computador central.

Fui direto para o elevador e entrei. Torci para ninguém ver. Ativei meu dispositivo e fui para a penumbra. Era mais fácil fugir por lá.

Meu queixo caiu quando vi a perfeição do lugar.

Segui para a área da informática. Foi complicado passar pela segurança, mas assim que me conectei ao computador inseri o vírus e como não queria levantar suspeita sobre mim. Sai da umbra bem quando ele entrou.

Foi a única vez que senti medo. Corri para o estacionamento e peguei a primeira chave que vi.

Queria sair logo dali. Entrei no carro e liguei, vi quando o alarme tocou então pisei fundo. Amo adrenalina.

Passei feito um foguete pelo portão, já me considerava livre quando notei uma s10 vindo atrás de mim. Mordi o lábio inferior e acelerei mais.

Numa reta quando achei que estava livre senti o carro bater. Foi quando vi a S10 acertando com tudo o meu carro. Tentei segurar, mas não consegui. Capotei algumas vezes e quando consegui sair do carro... Lá estava ele, bufando e me pegando pelo braço.

- Quem é você e o que quer? – Ele quase rosnou.

Com uma força enorme me jogou no chão.

- Sou uma secretária!

Sorri levantando e puxando duas espadas. Meus olhos brilharam. Num movimento rápido com a mão direita acertei seu braço. A lâmina afiada cirurgicamente cortou a pele dele fazendo o sangue escorrer. Sorri para ele.

Ele urrou e pulou sobre mim. Achei loucura até sentir a garrada, rasgando minha roupa e pele.

Minha espada passou sobre o peito dele e pude ver o sangue escorrer, mas não era mais na pele e sim no pelo... Seu corpo cresceu bem na minha frente. Garras e presas enormes. Fiquei sem ação ao ver aquela forma.

Ele se aproveitou disso e me pegou jogando com toda a força no chão.

Nesse instante, senti tudo quebrar. Meus olhos ficaram negros e apaguei.

segunda-feira, julho 26, 2010

Soul Worg - Capitulo V

Assim os meses iam passando, entre os extenuantes treinos com Anthony, os intermináveis castigos junto com a indiferença de Louren, Celline só se divertia nas longas horas que passava fugida de todos.

Enquanto o pai e a mãe dormiam Celline se arrumava para mais uma hora de lazer. Colocou as botas uma calça preta, uma blusa verde e um casacão para impedir de sentir frio.

Tinha aprendido que quando menos dormia menos medo sentia, assim evitava rever Elai e Brint. Tentou de tudo, fazer a irmã entender que não tinha culpa, mas nunca conseguiu.

Celline olhou para a janela e sorriu viu a grande lua cheia no céu iluminando os caminhos da floresta. Abriu a janela e sentiu o vento gelado bater em seu corpo. Arrepiou-se e abriu um belo sorriso, era isso que queria.

Com cuidado pulou a janela sobre o galho perto de seu quarto.

Em um salto agarrou-se e começou a descer, já estava acostumada a isso. Quando chegou ao chão sorriu soltando os cabelos deixando os fios ruivos livres para brincar ao vento.

Respirou profundamente o ar gelado da noite e começou a sair de perto de casa. Seguia para os fundos da casa com cuidado, não sabia o que iria encontrar, sempre era uma surpresa... Tinha a impressão que as criaturas mágicas gostavam de lugares isolados.

Os passos eram calmos, mais rápidos quando viu que estava fora de perigo começou a ir mais devagar, sempre tinha cuidado, pois odiava os castigos do pai que falava que era simples. Se fizer o certo perfeito, se fizer errado a punição certamente dolorida. Celline até arrepiou-se lembrando do pai falando isso.

-Esquece isso ele está dormindo.

Sorriu e continuou a andar olhando as arvores, no intimo queria encontrar seus amigos worgs, mas sabia que era impossível, eles estavam bem longe como ela mesmo já tinha falado.

Seguiu feliz por estar uma noite enluarada, mesmo com as grandes arvores os raios de luz deixava o caminho bem visível.

Celline parou ao notar um barulho, eram pequenos estalos que logo identificou como fogo. Os olhos verdes procuraram de onde vinha o barulho, Logo achou a pequena iluminação que provinha do fogo, era estranho, pois a clareira estava vazia.

Foi para a fogueira e começou a juntar a areia para apagar. Quando foi jogar ouviu uma voz baixa, aguda e estridente.

- Não... Vai demorar ascender de novo.

Celline deixou cair a areia longe do fogo.

- Ah? Que? –Olhou para os lados procurando o dono da voz. – Quem falou?

-Eu horas, não esta me vendo? – A pequena criatura pulou balançando os braços. – Estou aqui... Agora me vê?

Celline virou o rosto e olhou mais abaixo vendo um ser humanóide, achou engraçado, pois tinha o tamanho de suas bonecas. O pequeno ser tinha uma barba longa e branca, era careca e usava uma toga de algodão e tinha um osso que usava como cajado. Ficou pensando o porquê do cajado se ele tinha asas.

- O que é você?

- Como assim o que eu sou... Sou uma fada! – Falou imponente. – Um druida, mais alguma duvida?

- Ah sim, o que é um druida?

O fada ficou olhando para a pequena ruiva quieto, mas logo se pos a caminhar para ficar mais perto.

- Um druida é uma pessoa ligada à natureza conhecedor de seus segredos e mistérios, entendeu?

- Sim. –Falou sentada ao lado da fogueira. – O que faz por aqui?

- Estou esperando outras druidas para começar uma festa. Quer participar?

- Eu poderia?

- Claro, só não beba nada a não ser água e se divirta, certo!

Celline ia responder quando ouviu um barulho e virou o rosto, Mais duas fadas vinham voando na direção da fogueira.

Elas sem ligar muito deixaram algumas coisas caírem na fogueira que explodiu e começou a brilhar azul e a soltar uma fumaça roxa.

Celline ficou olhando cheia de curiosidade. O fada de barba sorriu fez uma reverencia para a ruiva e foi para direção da fogueira, mexendo na toga e pegou algo que parecia uma raiz e jogou na fogueira.

A ruiva moveu o corpo esperando outra explosão que não chegou. Ela riu e se ajeitou perto do fogo esperando se aquecer.

Logo as três fadas estavam juntas no ar dançando em volta da fumaça roxa. Celline nem notou, mas quando piscou as três fadas tinham virado seis, forçou a visão para ver se não estava errando algo, mais tinha mais duas fadas de asas coloridas e outro fada agora só de calça bege.

A musica veio seguindo logo atrás com mais umas nove fadas, meninos e meninas. Celline ficou encantada com o som que elas faziam, a ruiva começou a relaxar.

Logo as fadas começaram a incrementar a fogueira jogando algumas ervas e raízes deixando a fumaça maior e mais grossa. Celline tinha a impressão que poderia pegar a fumaça nas mãos, também notou que ela tinha um cheiro gostoso e inebriante.

Sem perceber começou a respirar mais profundamente. As fadas riam cantavam enquanto a pequena se deixava envolver pela fumaça que agora estava rosa.

Celline fechou os olhos e quando abriu viu um par de olhos azuis bem a sua frente, assustou-se e foi para trás batendo as costas numa arvore. Seu coração batia cada vez mais rápido e o pânico pode ser visto no rosto da menina.

- O que foi?

A voz doce era diferente da de Elai, seu coração ainda batia forte, mas agora de uma forma diferente que não soube identificar.

- Não sei... Cadê os pequenos?

- Bem não sei podemos procurar! – Esticou a mão pra Celline e sorriu. – Vamos ver na praia?

A ruiva tocou mão e o corpo tremeu, olhou para o rapaz, mas só conseguia ver os belos olhos azuis e o sorriso encantador.

- Vamos sim. – Falou entrelaçando os dedos. – Para onde mesmo?

O rapaz riu e se aproximo, Celline sentiu a respiração e esperou o beijo se aproximar cada vez mais.

- Eu...

Não conseguiu falar quando sentiu os lábios se colarem. O corpo da ruiva queimou num segundo, suas pernas perderam a força e acabou caindo no chão.

Celline sentiu um liquido escorrer no seu rosto e abriu os olhos. Tinha duas fadas sobre o peito que olhavam para ela preocupadas.

- Você esta bem?

As duas falavam juntas com a voz estridente enquanto as outras estavam a sua volta. Celline passou a mão no rosto e olhou a sua volta procurando o fada ancião.

- Sim, estou obrigada.

O ancião sorria mais a frente meio oculto na fumaça. A menina foi para direção dela cheia de duvida.

- O que aconteceu?

- Não sei o que você viu?

- Olhos azuis.

- Então eles fazem parte do seu caminho, são lindos olhos azuis?

O ancião riu divertido olhando para a ruiva sentada e confusa. Ele deu uns passos para frente aproximando-se e esticando as mãos para ela.

- O que é isso?

- Shiu, coma isso.

Celline moveu a mão pegando que lhe foi ofertado, cheirou e por fim comeu quieta.

Tinha um gosto amargo, mas a pequena não reclamou. Engoliu tudo e ficou olhando para o fada. Bocejou longamente e fechou os olhos, mas logo abriu, não queria dormir então forçou a ficar de olhos abertos.

- Não posso dormir.

- Por quê? – Falou uma fada de cabelos e asas lilases. – Dormir é tão bom, e onde vivemos nossos sonhos..

- E pesadelos... Pessoas más me visitam quando durmo e eu não gosto disto.

A fada sorriu se aproximou subindo na perna de Celline e ficou olhando para ela. Com suas voz estridente falou rindo.

- Mais é lá que estão às coisas boas também... Eu vejo que olhos azuis estão a sua volta e eles vão trazer coisas boas e coisas ruins, basta saber qual o caminho você quer seguir.

- Como assim? – Olhando para a fada. – Seguir o caminho? Estamos falando de sonhos.

Dando um risinho à fada se pos a voar olhando para ela.

- Sempre temos caminhos a seguir pequena, até nos sonhos, pois são nossos desejos, medos e destino, não podemos fugir deles. – Rindo a fada jogou algo no rosto de Celline. – Boa noite!

Celline ficou olhando a fada achando ela estranha, mas os olhos começaram a arder e ficou pesado. Não asbia se era por causa do que começou ou pelo que a fada jogou em seu rosto.

Bocejou e fechou os olhos caindo para trás e adormecendo.

Acordou com um grito, a voz conhecida.

- Boa noite minha Celline, achou que ia conseguir fugir de mim?

Elai sorriu se aproximando da ruiva segurando-a pelo braço e olhando em seus olhos.

- Eu não gosto de você seu monstro.

O homem riu.

- Mas eu sou seu futuro, você é minha, todos sabem disto, venha, venha logo.

Falou puxando Celline pelo braço e colando os corpos.

-Nunca, nunca eu te odeio você é mal...

O homem riu abraçando e colando mais os corpos, mas quando os lábios estavam se tocando algo puxou Elai separando os dois, logo Celline pode ver os olhos azuis por quem seu coração batia, agora conseguiu ver os belos cabelos castanhos.

- Você esta bem?

Aquela voz acalmava a alma da ruiva, mas ainda estava com medo de Elai. Os olhos verdes conseguiram com dificuldade sair dos olhos azuis e foi na direção de Elai.

- Ele não vai conseguir nos separar pequena, você é minha somente minha!

Fechou os olhos e coçou eles abraçou o donos dos olhos azuis e falou chorosa.

- Eu não sou sua, nunca, some da minha vida!

O rapaz a soltou e foi para direção de Elai e esmurrou o homem que acabou fugindo com uma cara de atordoado.

Celline abraçou o rapaz e sorriu para ele, estava feliz.

A pequena ouviu bem de longe seu nome, virou o corpo buscando algo, suspirou quando não encontrou nada, o pânico tomou conta de seu ser, abriu os olhos e se virou no médio da clareira, não tinha nem vestígios da fogueira da noite anterior.

Anthony gritou mais uma vez e logo viu que a ruiva estava sentada. Por sua vez Celline ao ouvir a voz se encolheu com medo da reação do pai, pensou em sair correndo, mas sabia que era tarde de mais.

- Celline Aileen como você pode?

A ruiva tremeu olhando para o pai, fechou os olhos e escondeu o rosto com as mãos.

- Eu só queria...

- Celline como você teve coragem juro que você não vai sair de casa nunca mais.

A pequena se levantou com a cabeça baixa e respirou fundo, com presa levantou a cabeça e olhou a sua volta, esperava ver sua mãe como seu pai, mas foi em vão, pois Anthony estava bradando sozinho.

- Fique sabendo que esta de castigo, se nunca mais ver a luz do sol não me culpe. Agora vamos embora.

Anthony pegou-a pelo braço e foi puxando para direção da cabana, Celline chorou, mas não pela dor no braço ou pelo castigo, mas sim pelo descaso de sua mãe. Seus lábios até se abriram para perguntar, mas perdeu a coragem quando viu de longe Louren na varanda fazendo algo que depois identificou como uma blusa de tricô.

Louren levantou o rosto e sorriu com seu aspecto triste e falou apaticamente.

-- Que bom que chegaram, querem o café agora, vocês demoraram? Nem vi quando saíram.

Os olhos de Celline arderam e balançou a cabeça olhando para o pai.

- Po-posso ir para o quarto?

Anthony só riu.

- Pode ir para o castigo... Porão ele está lhe esperando.

Celline passou a mão no rosto e correu para o porão, Louren olhou para ela, mas não fez nem falou nada. Anthony foi atrás dela serio.

Abriu a porta do armário e sentou no chão quieta logo o pai apareceu com uma cinta na mão, os olhos dele severo foram para direção dela.

- P-pai...

- Vai aprender a nunca mais sair sem falar, pensei que tinham te pegado, quase fiz a maior estupidez pela sua estupidez.

Falou isso e começou a dar cintadas na menina que só protegeu o rosto com as mãos.

Celline chorou com cada cinta e implorou para que parasse, mas não foi atendida, também chamou a mãe que não apareceu. Assim que desistiu de chorar e gritar para o pai parar Anthony parou e fechou a porta, a ruiva pode o ouvir trancar, mas não tinha força física nem mental para se mover.

Passou um dia inteiro até que Anthony abrisse a porta. Celline sentia o gosto amargo do sangue na boca, lentamente abriu os olhos e pode ver seu pai com algo nas mãos. Ficou esperando ajuda, mas ele só despejou um liquido morno e algo que bateu em sua barriga.

- Isso faz parte do seu castigo, vai aprender a nunca mais desobedecer a mim.

A pequena forçou a vista e soltou um grito ao ver a cabeça do lobo ao seu lado. Anthony riu e fechou a porta, lentamente o cheiro de ferrugem foi tomando conta do lugar, Celline identificou o liquido que fora jogado nela, entrou em pânico, era sangue. Seus sentidos foram falhando ate que desmaiou.

Passou uma semana até que Celline acordou. Vitor acariciava seus cabelos e a olhava preocupado. Estava se sentindo ainda fraca, mas sorriu para o irmão.

- Ei maninha como você esta? – Podia notar o medo na voz dele. – Quer alguma coisa?

Por segundos queria pedir para ir embora, mas só falou com a voz baixa.

- água.

Vitor sorriu e deu água para Celline, logo ela virou o rosto e seu coração disparou. Parado ao lado da porta estava Elai com seu sorriso vitorioso.

- Porque não vai avisar seu pai Vitor, eu fico com ela!

Tudo parou por segundos esperando o não do irmão, mas tudo que ouviu foi o passo de Vitor indo para direção da porta. Tentou chamá-lo, mas não conseguiu.

Elai aproximou-se e inclinou o corpo sobre a pequena.

- Sabia que ia voltar para mim, nem seu pai na loucura dele me tirou você!

Ele ia se aproximando cada vez mais para um beijo e parou quando ouviu a porta abrir, Anthony abriu a porta entrando, olhou em volta e parou sobre Elai por alguns segundos e voltou-se para Celline, mas logo se voltou para Elai.

- Muito obrigado Elai, pode se retirar!

- Que isso Anthony, “amigos” são para isso. – Falou e se manteve ao lado da maca. – Sabe que me afeiçoei muito a sua família.

O corpo de Celline se arrepiou todo e olhou para o pai querendo esconder-se nos braços dele, esquecendo todo o castigo que tinha sofrido.

- Isso me agrada Elai, agora temos que ir.

- Ir? Para onde agora?

- Estamos viajando muito com Celline acho que ainda não temos uma parada. – Falou acariciando os cabelos de Celline tapando a boca dela gentilmente. – Creio que vamos para os Estados Unidos agora.

Celline olhou para o pai sem saber o que ele estava falando, logo voltou a olhar Elai arrepiou-se e escondeu sobre o lençol ficando quieta.

Elai ouviu atentamente o que Anthony falava e logo começaram a conversar, os dois se afastaram da maca onde a pequena estava. Mais mesmo distante a ruiva sentia os olhos de Elai cheio de malicia e maldade sobre ela.

Tentou ouvir sobre o que falavam, mas tinha medo de que fosse algo ruim para ela, então respirou fundo e fechou os olhos. Começou a lembrar do que tinha acontecido na clareira, riu baixinho revendo as fadas em sua mente, logo lembrou dos olhos azuis... Sentiu-se amada e protegida, mas logo viu um par de olhos frios.

Sem preceber soltou um grito que atraiu a atenção de todos. O primeiro a chegar foi Elai, seguido de Anthony.

- O que foi querida? – Falou Elai colocando as mãos no rosto e puxando para perto. – Diga-me o que foi.

Anthony parou atrás e tocou o ombro de Elai que estava falando com a pequena e logo a pegou no colo.

- Calma filha, papai esta aqui!

Pela primeira vez Anthony pode ver a real intenção nos olhos de Elai que assumiu um jeito possessivo sobre a pequena Celline.

- Deixe-me pega-la.

- Tudo bem Elai, ela já esta bem não é Celline.

A ruiva afirmou com a cabeça abraçando o pescoço do pai, Elai por sua vez desejou e quase a pegou a tomou dos braços de Anthony, mas se segurou.

- Tudo bem Anthony... Se desejar pode ir ver com o médio sobre a alta dela, afinal sei que esta aqui sozinho, alias com o Vitor, mas um medico não ira dar alta para um menino.

- Mamãe não esta aqui?

Anthony olhou para elai com um olhar mortal, logo olhou para Celline.

- Ela esta um pouco doente filha.

Mesmo com medo Celline estava magoada e virou o rosto e o corpo para a cama. Suspirou e soltou o pai indo para a maca abraçando o travesseiro.

Anthony ficou olhando a ruiva e Elai que se aproximou e abraçou a pequena, ele tinha um sorriso vencedor no rosto. Anthony só respirou fundo e saiu do quarto indo procurar o medico e o filho.

Como estavam sozinhos Elai acabou falando com o rosto próximo ao dela.

- Estou aqui para cuidar de você pequena, nada vai lhe acontecer, não vou lhe abandonar, eu te amo! - Após proferir as palavras Elai colou os lábios nos da menina em um beijo lento, estava saboreando o gosto da menina, logo parou. – Você será toda minha, seu sabor, seu calor. – Segurou os cabelos da ruiva olhando em seus olhos. – Seu corpo e sua...

Antes de ele terminar de falar a porta se abriu e Vitor entrou. Celline estava com lagrimas caindo pela dor do cabelo puxado.

- O que foi Line? – Vitor olhou preocupado com a irmã.

Elai prontamente respondeu.

- Esta com dor na cabeça, mas logo passa, não é querida!

Celline olhou para Elai com medo e afirmou, Vitor aproximou-se e segurou a mão da irmã.

- Logo vamos embora.

Elai começou a se mover para tirar a mão de Vitor de Celline quando Anthony abriu a porta e falou serio.

- Está tudo pronto. Elai gostaria que saísse para Celline trocar de roupa.

Os olhos de Elai foram para direção de Anthony, estava indignado afinal poderia vê-la nua, afinal tinha certeza que ela seria dele, mas mesmo assim afirmou com a cabeça e começou a sair olhando para Celline de uma maneira possessiva.

Vitor não gostou do olhar de Elai assim como Anthony também não, mas o pai o segurou pelo ombro.

Quando Elai fechou a porta Anthony pegou a Celline no colo que estava ainda encolhida, aproximou-se de Vitor e tirando a varinha do casaco aparatou-se com os filhos para longe.

Os três apareceram no chalé, Vitor ajudou o pai a instalar Celline no quarto. A pequena ficou quieta durante as primeiras semanas, não falava com ninguém a não ser com o Vitor, mas com o tempo começou a melhorar e também a falar com os pais, mas somente o básico.